Artigo de Divaldo Franco publicado no jornal A Tarde, coluna Opinião, em 26-03-2015.
Ante a desenfreada violência que estruge em toda parte, os cristãos, verdadeiramente pacifista, interrogamos se é possível manter os postulados do Mestre galileu vivos em nossa conduta. Sob outro aspecto, a vulgaridade dos prazeres básicos, sexo desregrado, drogadição e vícios denominados sociais encontram-se com facilidade expostos à vivência abusiva em quase todos os segmentos da sociedade, convidando-nos à sua submissão, em reação à conduta ética e moralizadora que flui do Evangelho.
Multiplicam-se as derrocadas de pessoas aparentemente honradas que acumulam invejável patrimônio e, repentinamente, são apresentadas publicamente como corruptas, indignas das funções que exercem, embora mantenham-se como se nada lhes houvesse acontecido. Essas terríveis expressões da sombra, que Allan Kardec denominava com propriedade como as más inclinações, que são as nossas heranças ancestrais, ameaçando-nos a estrutura moral e os propósitos de uma existência honrada, exigindo permanente estado de vigilância e de oração.
Dir-se-á que o melhor é a vivência do prazer, ao invés do que denominam como castração religiosa, numa propaganda contínua e bela através dos veículos de comunicação de massa. Seria ideal, e merecia o desfrutar da luxúria, das viagens fantasiosas e faustosas, se a existência do física do ser humano não fosse tão breve, mesmo quando parece de longa duração. A morte, que a todos nos espreita, porém, ao invés de aniquilar-nos, conduz-nos a outras vibrações, nas quais a vida estua e cada qual desperta conforme foi arrebatado pela desencarnação.
É possível, sim, viver-se com dignidade cristã nestes dias tumultuosos, qual o fizeram os primeiros discípulos de Jesus, em pleno período de grandeza e logo decadência do Império Romano. Ademais, mesmo que a vida não continuasse após o túmulo, o significado existencial do ser inteligente é alcançar a plenitude conseguida mediante a consciência ilibada, nascida na conduta reta e nos sentimentos pacificados.
DIVALDO P. FRANCO