Deus
O Zoroastrismo reconhece um Ser Supremo, chamado Ahura Mazda. “Ahu” significa Ser. Em sânscrito, Ahu é o mesmo que Atma, o morador real do coração, o “eu” verdadeiro. O primeiro ensinamento do Profeta é que Ahura Mazda é o Supremo Ser Único. Ahura (asura en sânscrito antigo) significa Criador de vida. Maz (en sânscrito mah) e a raiz da (em sânscrito dha), significa Criador da Matéria. Então, Ahura Mazda é o Ser único onipresente, criador da vida e da matéria.
O Deus do Mazdeísmo não é um Juiz severo que castiga os erros humanos. Ahura Mazda é o Bem Supremo, a Luz que guia os homens. Criou o universo para que eles progridam e evoluam rumo à meta, que é a união com Deus. Assim alcançarão a Plenitude (Haurvatat) e a Eternidade (Ameretat).
Os Amesha-Spenta ou qualidades divinas
O Ser Supremo é sem forma. Só pode ser visto com o olho interno (Yasna 45:8), e não através dos sentidos. Para experimentá-lo diretamente, Zaratustra mostrou o caminho através dos seis Amesha-Spenta (Sagrados Imortais) ou aspectos de Deus. São noções abstratas que posteriormente foram concebidas como anjos ou espíritos. Consistem na Mente Pura (Vohu Manah), na Retidão mais Alta (Asha Vahishta), o Poder Divino (Khshathra Vairya), a Piedade Progressiva (Spentâ Aramaiti), a Plenitude (Haurvatât), e a Imortalidade (Ameretât). Os últimos três aspectos são descritos como dons da Graça divina que acontecem ao aspirante por seguir a Retidão mais alta ou Verdade.
Os Amesha-Spenta são seis em número e todos são aspectos do Supremo Ahura Mazda:
• Ahura Mazda ou Deus: Não é um Amesha-Spenta mas é a sua razão de ser. Deus é a fonte de toda a criação e o propósito ao qual se deve aspirar. Zaratustra ensinou que Mazda criou o universo através da Evolução, que implica progresso em quantidade e qualidade: primeiro o céu, luminárias, logo a água e a terra. A vegetação cresceu na terra seguida pelas formas simples de animais, que evoluiram até chegar ao homem. O ser humano tem em si o Ser divino ou AHU, que deve descobrir, junto com as tendências animais que tem que ir abandonando progressivamente.
• O primeiro Amesha-Spenta é Vohu Manah ou a Mente Pura. Somente uma mente pura e benevolente pode compreender a verdadeira natureza do homem, a Suprema Realidade, e discernir entre o verdadeiro e o falso, o correto e incorreto. É uma mente de pensamento lógico preciso, com uma claridade livre de prejuízos e preconceitos, e portanto capaz de perceber a bondade do Criador. Isto acontece quando a pessoa elege "Spenta Mainyu" – a Mentalidade progressista, ao procurar examinar as "...melhores coisas... considerar (refletir e meditar) com uma mente brilhante (clara e objetiva) e…selecionar algum dos dois discernimentos (mentalidades)…" (Verso 3:2). Vohu Manah de repente seja melhor descrito como a iluminação que ocorre a aquele que, como Zaratustra, percebe o Ser em sua sabedoria como o criador do universo em toda sua magnificência.
• A Mente Pura permite captar o segundo aspecto de Deus, el Asha-Vahishta. “Vahishta” significa O Mais Alto, e “Asha” é o Princípio Ordenador da Realidade ou Lei Eterna (Dharma em sânscrito). Este Princípio não se refere somente a uma ordem física e sim espiritual, mental e ética. O aspirante deve compreender e seguir a eterna lei de Deus mediante uma conduta reta. A Retidão abarca todas as virtudes baseadas na Verdade: em pensamento, palavra e ação. É interessante notar que os Vedas apresentam o mesmo conceito na frase “Sathyan-nasti paro Dharma”, que significa “Não há Dharma (retidão, princípio) mais alto que a aderir à Verdade.” É o caminho a Deus por excelência. No Yasna 60:12 o aspirante eleva uma súplica: “Que eu possa, através de Asha-Vahishta, ter uma visão de Ti, que possa ser atraído por Ti, e que possa unir-me a Ti”.
• O terceiro aspecto está descrito na primeira línha do Yasna 51:1, como o “Vohu-Kshathrem-Vairym” o Poder Divino, Soberano. É uma benção outorgada a todos aqueles que consagram sua vida a seguir o caminho da Retidão mediante a Mente Pura. É a apropriação destes princípios divinos e a sua aplicação à sociedade e à vida individual. Graças a esta força, o aspirante adquire o poder de reinar em seu reino interior.
• Spenta-Armaiti é o dom da sabedoria suprema nascida da Piedade e da Devoção. O Yasna 32:2 afirma que Spenta Armaiti vai de mão dada com Asha, e no Yasna 45:4 é descrita como a filha de Mazda e igualada com a Sabedoria de Asha. O aspirante progride através da graça de Armaiti (Yasna 30:7), que traz com ela as outras três qualidades: Menta Pura, Retidão e Poder divino.
• O dom de Khurdad-Haurvatat ou Doçura da Perfeição. É um estado de Plenitude, de completo bem-estar, em que o aspirante percebe o Um e como conseqüência desta compreensão, irradia amor. É o fim da dualidade.
• O estado de imortalidade ou Ameratat (Amrita en sânscrito) é o dom final da Sua graça. O aspirante é uma alma liberada que já não se identifica com o corpo. É um estado de completa bem-aventurança.
O problema da dualidade
Afirmar que o Zoroastrismo é uma religião dualista é um erro. Existe um Ser único ou Deus; Ahura Mazda. O Bem e o Mal são relacionadas às eleições éticas dos mortais. O Mal só mora dentro das mentes e se produz por eleições erradas, retrógradas, más. Por outro lado o Bem também é um produto das decisões retas da mentalidade Progressista ou Pura.
No primeiro verso do Yasna 30, Zaratustra se refere a estas duas “mentalidades” (Mainyus) criadas por Ahura Mazda, entre as quais o homem deve discernir. A mentalidade boa, progressista, é aquela moralmente edificante ou “Spenta Mainyu”. O gêmeo oposto é "Aka o Angra Mainyu": a mentalidade má, injusta, retrógrada. Ele diz que estes dois 'Mainyus' são gêmeos "… o 'bom' e o 'mau' em pensamentos, palavras e fatos". Zaratustra põe ênfase na necessidade de eleição e na importância de eleger o bem, que está em harmonia com a Ordem Cósmica (Asha) e conduz à União com Deus ou Perfeita bem-aventurança. Para conseguir isso, propõe a tríade ética de bons pensamentos, boas palavras e boas ações.
Nos textos ulteriores (Pahalvi) estas mentalidades gêmeas foram concebidas como dois "espíritos", e posteriormente transformadas em duas entidades "Ohrmazd" (Deus) e "Ahriman" (o Diabo). Esta distorção tardia ocorrida durante a dinastia dos sasánidas deu lugar à crença errônea que ha Dualismo teológico no Zoroastrismo.
Porém, não tem nenhum Ahriman (diabo) nos Gazas e nunca foi mencionado como uma entidade ou como um espírito. As duas mentalidades, os dois princípios, representam as eleições éticas que os humanos devem fazer e indicam a maneira correta e justa de viver a vida.
http://www.h2hlatino.org/articulos.php?id=85&idioma=por
http://www.h2hlatino.org/articulos.php?id=85&idioma=por
Nenhum comentário:
Postar um comentário