Sai Baba of Shirdi
Sai Nath (Sai Baba de Shirdi)
"Vê DEUS em todos os seres, porque cada ser é um aspecto do mesmo Deus, seja um pássaro, um animal, ou um ser humano. Todos têm uma alma divina".
Sai Baba apareceu, pela primeira vez, na floresta de Shirdi, no Maharashtra, no oeste da Índia, em 1870, mas ninguém sabe onde ele nasceu. Imediatamente ele foi reconhecido como uma pessoa extraordinária por todos aqueles que se entrevistavam com ele. Ele viveu só, mendigando sua comida e seu óleo. Tudo que se sabe dele e de seus ensinamentos, de suas ações, dos milagres que realizou, pode ser exemplificado pelas lâmpadas de óleo: ele mendigava habitualmente o óleo de suas lâmpadas num mercado. Um dia os mercadores não lhe deram óleo. Depois eles o seguiram discretamente até a mesquita onde ele vivia só. Lá, ele acendia as lâmpadas...com água! Diante desse milagre, as pessoas presentes passaram a acreditar nele. Em seguida, ele se pôs a curar as doenças e deu alegria a seus discípulos. Seus numerosos milagres atestaram sua onipresença.
Ainda que as religiões muçulmana e hindu se contradissessem e se arrastassem a novos conflitos, Sai Baba tentava reconciliá-los dizendo-lhes: "Deus é um. Vocês o chamam por diferentes nomes. RAM e RAHYM (em árabe, misericordioso) são o mesmo DEUS. Não briguem por isso. Amem-se uns aos outros. Sigam a sua religião que é única e busquem a verdade".
“EU SOU DEUS. EU SOU MAHALAKSHMI. EU DIGO A VERDADE, COMO EU O FAÇO NA MESQUITA. EU SOU VITHOBA (KRISHNA). EU SOU GANAPATI (SHRI GANESHA). TODAS AS OFERENDAS FEITAS A GANAPATI ME ATINGEM. EU SOU DATTATREYA. EU SOU LAKSHMI, NARAYAN. POR QUE PROCURAR O GÂNGES EM OUTRO LUGAR? COLOQUEM AS PALMAS DE SUAS MÃOS NOS MEUS PÉS, PORQUE NELES CORRE O RIO GÂNGES”.
Sai Nath (ou Sai Baba de Shirdi) viveu na Índia no final do século 19 e início do século 20. Entrou no estado de Mahasamadhi em 1918. Talvez seja o Guru mais popular do Estado de Maharashtra, pois sua imagem é encontrada em inúmeros locais, inclusive nos taxis de Bombaim (hoje, Mumbai). Trata-se de um Guru nada convencional.
“Meu Mestre disse-me para dar generosamente tudo aquilo que as pessoas pedissem. Ninguém pede as coisas com sabedoria. Meu tesouro está aberto. Ninguém traz qualquer veículo a fim de levar os reais tesouros. Eu digo que cavem e procurem. No entanto, ninguém quer se esforçar para isso. Sejam os verdadeiros filhos da MÃE DIVINA e aprimorem-se. O que acontecerá conosco? Esse corpo voltará à Terra e o ar que respiramos se fundirá com o ar. Essa oportunidade não voltará”.
A vida de Sai Baba é cercada de muito mistério, no que concerne à sua procedência, filiação, nome, idade e religião.
Ele apareceu em Shirdi, sem que ninguém soubesse de onde havia vindo e nem qual era exatamente o seu nome. Primeiramente, ficou sendo conhecido em Shirdi como o ‘faquir louco’ e, depois, como Sai Baba, porque as pessoas o saudaram dizendo-lhe: “Ya Sai”(Bem-vindo Sai). Sai significa Senhor, Mestre, Deus ou faquir. Daí em diante, esse foi o seu nome. Ao chegar em Shirdi, ele procurou estabelecer-se num templo hindu. Todavia, um sacerdote aconselhou-o que ficasse numa mesquita que estava abandonada. Sai Baba não discriminava nem os hindus e nem os muçulmanos. Quando os muçulmanos reclamaram que os hindus iam à mesquita e o saudavam com lâmpadas de fogo (aarti), Sai Baba disse: “por que motivo eu não permitiria que os hindus fizessem isso? Se os hindus veneram um muçulmano não há qualquer perda para o islã, mas apenas para o hinduísmo”.
Viveu numa mesquita (Masjid) abandonada e ali recebia as pessoas. Apesar de sua provável ascendência hindu, ele gostava muito de louvar o nome de Deus com o Mantra em árabe Allah Malik (Deus é o Rei) e fazia com que os outros repetissem o nome de Deus, continuamente, dia e noite, durante 7 dias. Isso é chamado de Namasaptaha.
Sai Baba falava muito pouco sobre si mesmo, mas declarou que: “sou um brâmane nascido em Pathri e quando eu era muito jovem, meus pais me entregaram a um faquir a fim de ser educado por ele... Eu tinha oito anos, quando meus pais levaram-me até o Gânges. Depois vim para Shirdi… Por que razão vocês não podem ficar sem comer um ou dois dias? Eu vivi de comer folhas amargas durante doze anos”.
Certa vez, um delegado de polícia perguntou-lhe seu nome, filiação, o nome de seu Guru, seu credo, sua casta e idade, Sai Baba respondeu: “chamo-me Sai Baba, que é também o nome de meu pai; meu Guru é Venkusa; meu credo é Kabir; minha casta é Parvadigar (Deus); minha idade são milhares de anos”.
Sai Baba chamava seus devotos de Ankitas (crianças) e a essência de sua mensagem a eles era de que Deus é um só, comum a todas as religiões e é apenas AMOR.
Algumas experiências na Darshana (a visão do Guru) de Sai Baba
a) Certa vez, um devoto foi pedir permissão a Sai Baba para fazer uma peregrinação a Prayag (a confluência dos rios Yamuna e Gânges), considerado um lugar sagrado. Sai Baba disse-lhe: “não é necessário que você vá tão longe. A nossa Prayag é aqui, acredite-me”. Então, ocorreu a maravilha das maravilhas. Quando o discípulo colocou sua cabeça nos pés de Sai Baba, surgiram dois fluxos de água dos grandes artelhos de Sai Baba, um representando o Gânges e o outro o Yamuna. Vendo esse milagre, o devoto encheu-se de sentimentos de amor e adoração e derramou muitas lágrimas de alegria. O devoto se sentiu inspirado interiormente e começou a cantar em louvor a Sai Baba e suas Lilas (feitos).
b) Um médico hindu da casta dos brâmanes, muito devoto de Shri Rama, queria entrevistar-se com Sai Baba, mas como brâmane, ele não queria se prostrar diante de um faquir muçulmano (pois assim ele considerava Sai Baba). Seus amigos lhe garantiram que não seria necessário que ele fizesse isso. No entanto, quando entrou na mesquita, ao invés de ver Sai Baba sentado, ele viu Shri Rama e se prostrou diante dessa Divina presença que outra não era senão o próprio Sai Baba.
c) Um homem foi pela primeira vez a Shirdi e quando se prostrou diante de Sai Baba, este comentou com seus discípulos: “conheço esse homem há quatro anos”. O homem ficou admirado, mas lembrou-se de que já fazia quatro anos que, todos os dias, ele se prostrava diante da FOTO de Sai Baba. Percebeu então que o fato de se curvar diante da foto era a mesma coisa que se prostrar diante de Sai Baba pessoalmente.
d) Durante um festival dedicado a Shri Rama, Sai Baba começou, subitamente, a vociferar de modo assustador. As pessoas começaram a correr de medo. Todavia, os seus discípulos mais próximos perceberam que Sai Baba estava assumindo a belicosa posição de Shri Rama a fim de enfrentar o demônio Ravana. Na verdade, seus gritos de guerra eram bênçãos destinadas a remover o egoísmo e os maus pensamentos dos devotos.
e) Um discípulo sonhou que Sai Baba havia derramado arroz consagrado em sua cama e lhe disse: “pegue o tridente de Shiva (Trishu)”. O discípulo acordou e viu que sua cama estava, efetivamente, repleta de arroz consagrado. De imediato, ele foi até a mesquita e narrou a experiência a Sai Baba perguntando-lhe se ele devia pegar o tridente conforme a visão que havia tido. Sai Baba então perguntou-lhe: “que visão? Você não reconheceu a minha voz?” O discípulo replicou: “sim, mas pensei que não podia ser o senhor, pois o meu quarto estava trancado por dentro”. Sai Baba disse-lhe: “trancado por dentro? Desde quando eu necessito de portas abertas para entrar nos quartos? Eu não tenho forma e nem tamanho. Sou onipresente”.
Alguns possíveis significados do Dakshina:
Muitas vezes, Sai Baba solicitava às pessoas que lhe dessem um donativo em dinheiro. Ele fazia isso a fim de ABRIR O CORAÇÃO das pessoas ou para transmitir algum ensinamento a elas ou para ensiná-las a ser GENEROSAS e caridosas ou para REMOVER O APEGO das pessoas AO DINHEIRO ou ainda a fim de livrá-las de algum aspecto de seu Karma.
Todavia, nem sempre ele solicitava algum Dakshina às pessoas, mas se elas fizessem alguma doação sem que ele pedisse, algumas vezes ele aceitava e outras vezes rejeitava. De qualquer forma, ele dava praticamente tudo que recebia aos pobres. Gastava muito pouco consigo mesmo, isto é, comprava tabaco para o seu cachimbo, óleo para as lâmpadas da mesquita e fluido para o isqueiro.
A um rico devoto, Sai Baba disse: “a não ser que você se liberte totalmente de sua avareza e de sua ganância, você não alcançará o Absoluto ou o verdadeiro Brahman. Como é que alguém, cuja mente está inteiramente absorvida pela riqueza, pela sua prole e pela prosperidade, pode esperar atingir Brahman sem remover seu apego por essas coisas? A ILUSÃO DO APEGO OU AMOR PELO DINHEIRO É UM REDEMOINHO PROFUNDO DE DOR, cheio de crocodilos na forma de ciúme e egocentrismo. Apenas aquele que é desprovido de desejos pode cruzar esse redemoinho. A ganância e Brahman são pólos opostos. Eles se opõem um ao outro eternamente. Onde existe ganância não há espaço para pensar ou meditar em Brahman. Para um homem ganancioso não há paz, nem contentamento e nem firmeza. Se persistir qualquer traço, por menor que seja, de ganância na mente de alguém, todo os seus esforços no sentido de elevar-se serão em vão.
Até o conhecimento de um homem letrado que não tenha se libertado do desejo de usufruir dos frutos de suas ações será inútil e não o ajudará em nada a obter a sua auto-realização. OS ENSINAMENTOS DE UM GURU NÃO TÊM NENHUMA UTILIDADE PARA UM HOMEM CHEIO DE EGOÍSMO E QUE PENSA APENAS EM COISAS MATERIAIS. Por isso, a purificação da mente é absolutamente necessária. Sem essa purificação, todos os esforços espirituais não significam nada, mas apenas uma representação teatral. Assim sendo, é melhor que as pessoas possuam apenas aquilo que elas possam digerir e assimilar. O meu tesouro é abundante e posso dar a qualquer um o que ele desejar, mas tenho de verificar se ele está qualificado para receber esse tesouro. Se você ouvir-me atentamente, certamente você se beneficiará. Sentado nessa mesquita, jamais proferi algo que não fosse verdadeiro”.
Sai Baba solicitava a Dakshina até de mulheres e crianças, pobres ou ricas. Quando a pessoa não dispunha de recursos a fim de oferecer a Dakshina, ele determinava a ela que pedisse emprestado ou mendigasse.
a) Certa vez, pediu 15 rúpias a um senhor, o qual lhe ofereceu 35 rúpias. Sai Baba devolveu-lhe 20 rúpias e disse: “não tomo nada de ninguém, essas 15 rúpias destinam-se ao pagamento de um débito seu”. Soube-se então que esse senhor havia feito uma promessa de doar o seu primeiro salário (que foi de 15 rúpias) à sua divindade tutelar. Todavia, ele havia se esquecido de sua promessa.
b) De outra feita, um casal estava levando 700 rúpias de presente para um filho que estava se casando. Sai Baba pediu ao casal que lhe fossem dadas as 700 rúpias. Após esse incidente, o marido teve um aumento substancial em seu salário.
c) Um devoto havia chegado com 100 rúpias no bolso e Sai Baba pediu-lhe, primeiramente, 40 rúpias de Dakshina. Em seguida, Sai Baba solicitou-lhe mais 40 rúpias e, por fim, Sai Baba pediu-lhe mais 20 rúpias de Dakshina. Na quarta vez, quando Sai Baba pediu-lhe mais dinheiro como Dakshina, o devoto disse a ele que nada mais possuía. A fim dar uma lição de humildade a esse devoto, Sai Baba ordenou-lhe que fosse mendigar na cidade mais dinheiro destinado à Dakshina.
Alguns casos de cura milagrosa
a) Um garoto havia contraído a peste bubônica e sua mãe desesperada procurou Sai Baba, a fim de ajudá-la. Ele absorveu a doença da criança em seu corpo e curou-a. Ele disse para a mãe: “olhe para as minhas pernas e veja como a doença de seu filho passou para mim. Não tenha medo, pois seu filho ficará bom”.
b) Sai Baba estava no exterior da mesquita e, de repente, colocou a sua mão no fogo. Um discípulo que presenciou aquela cena, puxou-o e perguntou-lhe por que motivo havia feito isso. Sai Baba disse: "uma criança (que estava longe dali) que estava no colo de sua mãe caiu no fogo e tive de tirá-la. Fazendo isso, queimei a minha mão, mas salvei a vida da menina”. De fato, soube-se depois que uma menina havia caído num caldeirão fervente quando estava no colo de sua mãe.
c) Um rapaz foi mordido por uma serpente e, de imediato, começou a correr em direção à mesquita a fim de pedir ajuda a Sai Baba. No caminho, ouviu a voz muito brava de Sai Baba que lhe ordenou que parasse de correr. O rapaz, apesar do medo de morrer envenenado, obedeceu à voz e parou. Em seguida, o rapaz ouviu novamente a voz de Sai Baba, desta feita, suave e doce que lhe disse: “agora, pode vir, pois Deus lhe concedeu a graça e você vai se curar”.
d) Um devoto sofria de um tipo de malária muito grave. Sai Baba lhe disse que devia dar um prato de arroz com coalhada a um cachorro preto em frente ao templo dedicado a Shri Lakshmi. O devoto foi ao templo de Shri Lakshmi e encontrou diante dele um cachorro que abanava o rabo. O devoto deu o prato de arroz para o cão e se curou da malária.
e) Certa vez, ele estava moendo um punhado de trigo. Ninguém sabia por que motivo Sai Baba estava fazendo aquilo. Surgiram algumas mulheres a fim de ajudá-lo. Primeiramente, ele ficou bravo com a intromissão das mulheres, mas, ao perceber tanto amor no coração delas, ele permitiu que elas fizessem o serviço. Quando elas acabaram de moer o trigo, elas quiseram guardar a farinha e ele exclamou que o que havia sido moído não era trigo, mas sim a epidemia de cólera. Por isso, pediu que as pessoas aspergissem as entradas da cidade com a farinha obtida na moagem. Isso fez com que a epidemia de cólera que estava assolando a cidade desaparecesse.
f) Uma garota de 6 anos sofria de asma crônica. Sai Baba curou-a de uma forma pouco ortodoxa, pois mandou que ela tirasse algumas baforadas do cachimbo que ele fumava. A partir desse momento, a garota não teve mais nenhum ataque de asma.
Algumas proposições que resumem os ensinamentos de Sai Baba:
- “Eu não estou em Shirdi, mas em todas as partes. Quem pensa que estou apenas em Shirdi, falha totalmente em perceber-me. Sou Allah (Deus)”.
“Saibam que meu Espírito é imortal. Percebam isso por vocês mesmos”.
“Meu olhar acompanha sempre aqueles que me amam”.
“Seja o que for que vocês fizerem, onde quer que estejam, tenham sempre em mente que estou totalmente consciente de tudo que fazem”.
“Se uma pessoa medita sobre mim, repete meu nome e canta os meus feitos, ela se transforma e seu Karma é destruído. Estarei sempre a seu lado”.
“Se uma pessoa pensar perpetuamente em mim, fazendo de mim o seu único refúgio, eu me tornarei devedor dela e darei minha vida para salvá-la”.
“Sou um escravo cativo de meus devotos. Amo a devoção. A pessoa que afasta o seu coração do mundo e me ama é meu verdadeiro amor e ela se funde em mim como um rio no mar”.
“Se vocês fizerem de mim o único objeto de seus pensamentos e aspirações, vocês obterão Paramatma”.
“Quando vocês por mim chamarem, eu cuidarei de vocês. Não é em vão que prometi aliviar sempre a sua carga”.
“Confiem plenamente no Sadguru. Essa é única Sadhana (a senda do devoto). O Sadguru são todos os deuses”.
“Repitam o meu nome. Busquem refúgio em mim. Todavia, a fim de compreenderem quem sou eu, pratiquem a repetição do nome de Deus e sejam devotos piedosos.
“Quando eu não tiver mais nem carne nem sangue, ainda assim protegerei meus devotos. Estarei junto de vocês, no momento em que pensarem em mim”.
Fonte : Apostila do Void da Sahaja Yoga
Pesquisa do Duílio Cartocci, Itália
Cada encarnação do Shri Adi Guru Dattatreya teve seu estilo e seu modo peculiar de guiar a humanidade em direção a uma evolução cada vez maior; a linguagem e o comportamento eram diferentes, mas um fio único ligava todas essas aparições: um fluxo contínuo de Shri Raja Janaka até Shri Sai Baba de Shirdi. A primeira e a última dessas manifestações nasceram e viveram sobre o solo sagrado indiano.
Entretanto, há algo muito particular em Shri Sai Baba de Shirdi que o diferencia, fortemente, de todos os outros. Parece que se manifestou no Maharashtra para justamente preparar a vinda de Shri Mataji: Shri Sai Baba entrou em Mahasamadhi em outubro de 1918, no vilarejo de Shirdi, pouco distante de Chindawara, onde, em março de 1923, se manifestou a Adi Shakti.
Quase todas as encarnações precedentes do Adi Guru Dattatreya fundaram uma nova religião ou filosofia, ou talvez fosse melhor afirmar que seus discípulos transformaram seus ensinamentos nisso. Os ensinamentos eram muito diretos e, no mais das vezes, transmitidos como leis para serem seguidas sem discussão; comandos que eram impostos a partir do exterior, transmitidos, diretamente, de Deus por intermédio de seu mensageiro.
Com Shri Sai Baba é tudo diferente e nos surpreende descobrir maneiras ou comportamentos no tratamento dos discípulos quase semelhantes, em muitos casos, aos adotados por Shri Mataji Nirmala Devi. O ser humano mudou muito nesses 3.000 anos e parece ter aprendido, após os ensinamentos dos grandes mestres, aquilo que é correto e aquilo que não o é, ainda que possa, livremente, decidir não seguir o caminho certo. A mensagem e a vida de Shri Sai Baba são portanto destinadas a revelar um outro aspecto da evolução: a entrega total ao próprio Guru.
O processo de crescimento se desenvolve, portanto, em reconhecer que os grandes inimigos são: o próprio ego e os próprios condicionamentos; a entrega integral ao Guru é assim um instrumento indispensável, por meio do qual nos liberamos, automaticamente, desses obstáculos.
Shri Sai Baba afirmava que o Guru era o próprio Deus e que servir, obedecer e amar o Guru é como servir, obedecer e amar a Deus; todas as experiências nas quais ele conduziu, diretamente, seus discípulos, levavam a esse reconhecimento.
Shri Mataji, no Diwali Puja de 1996, em Portugal, nos disse: “Devem ter fé em seu Guru, porque Paramchaitanya os conhece por intermédio dele, seja Eu ou qualquer outro Guru”. E assim como Shri Mataji, Sai Baba também disse: “Devem apenas permanecer tranqüilos, e eu farei o resto”. “Onde quer que vocês estejam, pensem em mim e estarei com vocês”. “Fiquem comigo e permaneçam tranqüilos. Eu farei o resto.”
São inúmeros os exemplos de como Shri Sai Baba conduzia a consciência dos devotos para uma compreensão sempre maior, de modo gradual, sem grandes discursos, mas por meio da experiência prática, por intermédio de situações criadas por Ele e que serviam como profundas lições. Também nisso, seu comportamento eram muito semelhante ao de Shri Mataji: a maior parte das vezes, de forma indireta, para que o discípulo aprendesse com suas próprias experiências. Pouca teoria, mas a capacidade de colocar o devoto diante de situações nas quais este podia tomar consciência da realidade; cada um de seus discípulos podia narrar vários desses episódios nos quais Shri Sai Baba revelava seu poder extraordinário.
Muitos devotos se aproximaram, de início, de Shri Sai Baba, atraídos pelos milagres que comumente realizava, com extraordinária facilidade. Ele os deslumbrava com esses milagres, mas seu único objetivo era conduzi-los a uma verdadeira evolução espiritual. Ainda que muitos procurassem n’Ele apenas um instrumento para satisfazer necessidades materiais ou primárias, como cura, dinheiro, casamento, filhos, etc., geralmente Ele os contentava dizendo: “Dou aos meus devotos aquilo que eles querem, para que comecem a desejar aquilo que Eu quero, verdadeiramente, lhes dar”. “As pessoas me procuram, inicialmente, para obter benefícios materiais, mas quando os alcançam, começam a seguir-me”; certa vez, ele disse apontando para uma mangueira, referindo-se a seus devotos: “Que esplêndida colheita seria se todos os brotos se transformassem em frutos, mas é assim? Poucos permanecem.”
Como afirma Shri Mataji, um verdadeiro Guru controla, facilmente, os elementos: a natureza e Paramchaitanya estão a seu serviço. No caso de Shri Sai Baba isso era evidente. Ele fazia curas, mesmo à distância; controlava o tempo, a chuva e o Sol; manifestava-se para seus devotos mesmo longe de Shirdi, ainda que jamais saísse do vilarejo. Há inúmeras histórias de seus milagres narrados por seus discípulos.
Apesar de ter um perfeito conhecimento da Mãe Kundalini, ele não falou sobre ela, diretamente, a seus devotos; o momento ainda não era propício para isso; essa missão estava reservada para a Adi Shakti. Shri Sai Baba, ainda que não fosse em nível de massa, já despertava essa suprema Energia em qualquer um de seus seguidores, um dos quais deixou esse testemunho: “Baba tinha um modo de tocar a cabeça de quem se aproximava dele... Seu toque transmitia certos impulsos, certas forças e algumas idéias. Algumas vezes, fazia pressão, pesadamente, com sua mão sobre a cabeça, como se estivesse esmagando para fora os impulsos inferiores do devoto. Outras vezes, batia sobre a cabeça ou passava sua mão sobre ela. Cada ação sua tinha um efeito específico e causava uma extraordinária mudança nas sensações ou sentimentos dos devotos.” “
Um outro discípulo, Rao Sahib Galwankar, recorda, usando palavras que poderiam pertencer a um Sahaja Yogi para descrever a própria meditação: “Quando Sai Baba pousava sua mão sobre minha cabeça, isso tinha um efeito extraordinário sobre mim. Eu me esquecia de mim mesmo e do ambiente que me rodeava e entrava num estado de êxtase...”
Um aspecto muito particular de Shri Sai Baba era sua relação com o dinheiro. Diferentemente de muitos Gurus de sua época, Shri Sai Baba pedia, geralmente, ele mesmo, a Dakshina, o dinheiro da oferenda, a seus devotos e, mui freqüentemente, estipulava o montante, sobretudo antes de realizar curas milagrosas. Depois de 1900, quando o fluxo de devotos se tornou muito intenso, a quantidade de dinheiro que circulava em Shirdi era imensa; entretanto, quando Shri Sai Baba morreu, descobriu-se que ele havia poupado somente algumas rúpias. Em verdade, Shri Sai Baba distribuía, de imediato, o dinheiro que recebia, alimentando com isso muitos faquires, Sadhus ou necessitados.
Seus comportamentos tendiam sempre a ressaltar os apegos dos devotos a fim de que eles próprios pudessem reconhecê-los; criava verdadeiros jogos, verdadeiras ilusões (Maya) e artimanhas com as quais tornavam-se evidentes as contradições humanas. Reconhecendo que o dinheiro era causa de confusão e um dos principais apegos, jogava exatamente com ele, a fim de testar e pressionar seus devotos. Os discípulos mais próximos narram várias histórias relativas a esse tema, muitas das quais interessantes para nós, Sahaja Yogis: nestas parece possível reconhecer alguns dos jogos empregados por Shri Mataji. Infelizmente, é difícil passar no exame e muitos dos defeitos ainda podem ser redescobertos em nós.
Essas histórias mostram, de várias formas, como o dinheiro solicitado por Shri Sai Baba era sempre a exata quantia de um débito que o devoto havia contraído, nessa vida ou vidas passadas, ou de uma promessa feita e não cumprida; Shri Sai Baba sempre deixava claro que o próprio Deus (chamado freqüentemente por ele de Faquir) lhe indicava a cifra exata a ser pedida. Outras vezes, o dinheiro ofertado por um devoto – ainda que se tratasse de uma grande quantia – era recusado por Shri Sai Baba, sob a alegação de que não era puro.
Na época de Shri Sai Baba, os ensinamentos dos grandes mestres eram transformados em religiões que se fossilizavam e se esclerosavam ao longo do tempo, dividiam-se cada vez mais e cada uma delas reclamava para si o direito de ser a única portadora da salvação e da verdade absoluta. A mensagem desse Santo, assim como a de Shri Mataji, tende a mostrar a unidade fundamental de todas as tradições: a Realidade é una, Deus Pai é uno, ainda que sejam diferentes os nomes que pretendem defini-Lo. Cada definição é uma projeção mental de uma realidade que é única e indivisível, muito além da definição: o ato de definir é uma limitação que se coloca sobre Aquilo que não tem limites, é uma atividade humana útil para nos aproximar humildemente daquilo que não tem forma e não para que acreditemos ser possuidores Daquilo que não tem fronteiras.
Como Shri Krishna disse a Arjuna no campo de Kurukshetra: “Muitos são os meus nomes. Seja qual for o nome que um ser humano atribuir a mim ou com o qual me adorar, sua prece me alcançará”.
É realmente ignorante o ser humano que não compreende isso. Shri Sai Baba convidava seus devotos a permanecerem fiéis à própria religião e ensinava a reconhecer o Absoluto que se esconde atrás dos diferentes nomes. A coexistência pacífica entre hindus e muçulmanos se torna possível sob a orientação desse Guru iluminado que vivia numa mesquita, comia como um hindu, falava do Bhagavad Gita e do Alcorão e surpreendia todos com comportamentos típicos ora de uma, ora da outra religião.
BIOGRAFIA BREVE
Shri Sai Baba apareceu no pequeno vilarejo de Shirdi pela primeira vez em 1872, quando parecia ter cerca de 16 anos; vestia-se como os faquires (ascetas muçulmanos) itinerantes e ninguém sabia de onde tinha vindo. Desapareceu por algum tempo e depois reapareceu em Shirdi; desde então, não se ausentou mais do vilarejo. Inicialmente, os habitantes o consideravam como um simples maluco, que se relacionava pouco com eles e que dormia sobre a terra nua; em seguida, começou a morar numa pequena mesquita em ruínas com as paredes de barro. Ali mantinha permanentemente aceso um fogo e lâmpadas a óleo. Um dia, ele procurou os habitantes do vilarejo no afã de obter óleo com o qual manteria o fogo aceso; os jovens zombaram dele e se negaram a lhe dar o óleo. Sem perder a compostura, o jovem faquir retornou à mesquita e ali os jovens - que o haviam seguido a fim de continuar o escárnio – assistiram a um evento milagroso. O faquir havia pegado água de um pote de barro e com essa água havia alimentado as lâmpadas que se acenderam como sido tivessem sido abastecidas de óleo. A partir de então, passou a ser chamado de SAI BABA, que em híndi significa “pai santo” e sua fama cresceu até atrair fiéis e curiosos das várias regiões da Índia. Ninguém jamais soube realmente qual era seu verdadeiro nome: um nome de uma pessoa é ligado a uma identificação física, enquanto que Sai Baba era identificado somente com o Espírito. Entrou em Mahasamadhi em outubro de 1918, numa idade que então podia ser em torno de 60 anos.
É quase certo que Ele tenha nascido numa família brâmane, numa pequena cidade próxima a Hyderabad. Parece que seus pais morreram quando ele era ainda muito jovem, assim pôde seguir um faquir muçulmano e, sucessivamente, um guru hindu.
Após essas poucas cenas sobre sua vida, nos limitaremos agora a transcrever algumas de suas palavras, conscientes de que se possam revelar, em toda a sua sabedoria, à atenção despertada dos Sahaja Yogis.
DITOS DE SHRI SAI BABA DE SHIRDI
“As pessoas esperam encontrar Deus, Brahman (nos livros), mas é somente Brama (confusão) e não Brahman que elas encontram.”
(Comentando com um devoto a busca feita exclusivamente nos livros).
“Essas pessoas querem encontrar Deus, Brahman, nesses livros. Não leiam livros, mas mantenham-me em seus corações; se vocês unissem e harmonizassem a cabeça e o coração, isso seria suficiente.”
“É suficiente que os pensamentos de um Jnani (santo realizado) venham a se projetar em qualquer direção e tem início a atividade divina.”
“Dou aos meus devotos aquilo que querem para que comecem a desejar aquilo que eu quero lhes dar.”
“Atraio meus devotos que estão longe de diversas maneiras. Sou eu que os procuro e os trago até mim; eles não vêm espontaneamente. Ainda que estejam distantes milhares e milhares, eu os atraio a mim como um pássaro com uma corda amarrada num pé.”
“Os potes vêm para mim assim: com a boca voltada para baixo.”
(Falando dos ouvintes não receptivos).
“Não estou confinado a Shirdi ou a esse corpo. Estou em qualquer lugar. Estou com vocês cada vez que pensam em mim”.
“E assim você adotou um novo Pai.”
(Repreendendo um devoto hindu que se converteu ao islamismo).
“Quanto clamo com aqueles que aspiram a ver Deus! Devem realizar o Absoluto (Brahman) antes de morrerem, porque do contrário haverá uma perene repetição de nascimentos e mortes. Um Guru pode dar a realização e somente um Guru pode fazê-lo.”
“Quem quer que avance por meio de Pranayama (o controle da respiração) deverá finalmente vir a mim para obter um progresso ulterior.”
(Sobre a inutilidade dos exercícios físicos para o escopo da realização).
“Não é necessário ter um Guru: todas as coisas estão em nosso interior. Colhe-se aquilo que se semeia. Obtém-se aquilo que se dá.”
“Tudo está dentro de vocês. Procurem ouvir internamente e sigam as indicações que obtiverem.”
(Conselhos aos devotos mais profundos relativos ao Guru interior)
“Deus é grande. É o mestre supremo (Allah Malik). Quão grande é Deus? Não se pode compará-LO a nada. Deus cria, sustenta e destrói. Seu jogo (Lila) é imperscrutável. Procuremos ficar contentes e submetamos nossos desejos a Ele. Aceitem aquilo que lhes acontece. Não se preocupem. Nem uma folha sequer pode mover-se sem que Ele consinta e queira.”
“A vida é vivida em vão se não se alcança Yoga (união com o Divino), Tapas (penitências) ou Jnana (conhecimento).”
“Aquele que obtém o escopo supremo da vida é imortal e feliz; todos os demais simplesmente existem e respiram meramente.”
“Amem-se uns aos outros, como eu os amo a todos.”
“Se alguém colocar seu pé sobre o solo de Shirdi (Cabella), seu Karma será cancelado.”
“Esse mundo é estranho. Todos os seres humanos são confiáveis para mim. Cuido de todos de maneira igual, mas alguns se tornam ladrões, o que é que posso fazer por eles? Os indivíduos que estão eles mesmos muito próximos da morte (espiritual) desejam e fazem preparativos para a morte dos outros. Esses me ofendem; porém, não digo nada. Mantenho-me calmo. Deus é grande e tem servidores em todos os lugares. Estes são muito poderosos. Eu também sou muito poderoso. Já vivi aqui faz oito ou dez mil anos.”
“A fim de obterem Dyana, meditem sobre mim, quer sobre a minha forma, quer sobre o ‘sem forma’, o que lhes dará ainda mais alegria. Se uma tal contemplação do ‘sem forma’ for difícil, então pensem na minha forma como me vêem aqui e agora. Com tal meditação, a mente se dissolve na unidade (Laya). A diferença entre o sujeito e o objeto (entre mim e vocês) e o ato da contemplação se dissolverão.”
“O olhar do Guru é pão e leite para o devoto.”
“A idéia de que as penas da vida possam ser evitadas pelo ser humano que foge da sociedade, isolando-se na floresta, é absurda. Para onde quer que você for, terá seu corpo e sua mente e estes lhes darão alegrias e dores em todo e qualquer lugar. O corpo, enquanto durar, deve produzir seu Pararabdha, o Karma da alegria e da dor. Por isso, o caminho reto consiste em enfrentar os acontecimentos e na condução de uma vida correta.”
“Deixe que o ofendam centenas de vezes. Não demonstre seu ressentimento respondendo de modo rude. Se conseguir tolerar tais coisas, então será, certamente, feliz. Deixe que o mundo enlouqueça ao seu redor, permaneça onde está e observe, calmamente, o espetáculo de todos os fatos que ocorrem diante de você. Derrube o muro de diferenciação que o separa de mim. O senso de diferenciação, como eu e você, é a barreira que separa o discípulo de seu mestre, e até que essa não é destruída, não é possível alcançar o estado de união (Yoga).”
“Uma vez que o corpo é forte (e produz luxúria), desfrute seu prazer com sua própria esposa. Não deixe que sua mente seja tentada pelo desejo diante de outras mulheres.”
“Se tiver desejos, você deve ter o desejo da liberação. Se quiser apaixonar-se, então apaixone-se por Deus.”
http://sahaj-az-pt.blogspot.com.br/2011/06/sai-baba-de-shirdi.html
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