sábado, 28 de setembro de 2013

Como é que nasceu as Oração de São Miguel Arcanjo?

Transcrevo um artigo que foi publicado na revista: Ephemerides Liturgicae escrito pelo Pe. Domenico Pechenino em 1955, a págs. 58-59.

Uma manhã, o grande Pontífice Leão XIII tinha celebrado a Santa Missa e estava a assistir a uma outra de ação de graças, como de costume.


De repente, viu-se ele virar energicamente a cabeça, depois de fixar qualquer coisa intensamente, sobre a cabeça do celebrante. Mantinha-se imóvel, sem pestanejar, mas com uma expressão de terror e de admiração, tendo o seu rosto mudado de cor. Adivinhava-se nele qualquer coisa de estranho, de grande.

        
Finalmente voltando a si, bate ligeira, mas energicamente com a mão, levanta-se. Dirige-se ao seu escritório particular. Os mais próximos seguem-no com preocupação e ansiedade. E perguntam-lhe em voz baixa: Santo Padre, não se sente bem? Precisa se alguma coisa? Responde: “Nada, nada”.
        
Daí a uma meia hora manda chamar o Secretário da Congregação dos Ritos, e estendendo-lhe uma folha de papel, manda fazê-la imprimir e enviar a todos os Ordinários do mundo. Que assunto continha? A oração que rezávamos no fim da missa com o povo, com a súplica a Maria e a invocação ardente ao Príncipe das milícias celestes, implorando a Deus que precipite Satanás no inferno.
        
Naquele escrito ordenava-se igualmente que as orações fossem rezadas de joelhos. Também foi publicado no jornal La Settimana del Clero, em 30 de Março de 1947, não sendo citada a fonte que deu origem à notícia. Será contudo notada a maneira insólita como esta oração, enviadas aos Ordinários em 1886, foi mandada rezar.

Para confirmar aquilo que o Pe. Pechenino escreveu, dispomos do testemunho irrefutável do Cardeal Natalli Rocca, que na sua carta pastoral para a Quaresma, emanada de Bolonha em 1946, diz:

“Foi mesmo Leão XIII quem redigiu esta oração. A frase (Satanás e os outros espíritos malignos) que vagueiam pelo mundo para perder das almas tem uma explicação histórica que o seu secretário particular Mons. Rinaldo Angeli, nos contou várias vezes:

Leão XIII teve verdadeiramente a visão de espíritos infernais que se adensavam sobre a cidade eterna (Roma); e foi desta experiência que nasceu a oração que ele quis toda a Igreja rezasse. Esta oração rezava-a ele com voz viva e vibrante: ouvimo-la muitas vezes na Basílica do Vaticano.


Mas isto não é tudo: ele escreveu também por suas próprias mãos um exorcismo especial que figura no Ritual Romano (ed. 1954, tit. XII, c.III, pág.863 e seg.). Recomendava aos bispos e aos sacerdotes que rezassem muitas vezes estes exorcismos nas suas dioceses e paróquias. Ele próprio o fazia muitas vezes durante o dia.
        
Também é interessante ter em conta um outro acontecimento que reforça ainda mais o valor desta oração que se rezava no fim de cada Missa. Pio XI quis que, ao serem rezadas estas orações, se pusesse uma intenção particular pela Rússia (alocução de 30 de Junho de 1930). Nesta alocução, depois de ter lembrado as orações pela Rússia que ele próprio tinha pedido a todos os fiéis a quando da festa do Patriarca S. José (19 de março de 1930) e, depois de ter lembrado a perseguição religiosa na Rússia, concluiu com estas palavras:

“E para que todos possam sem fadiga e sem obstáculos continuar esta santa cruzada, decidimos que as orações que o nosso bem amado predecessor Leão XIII ordenou aos sacerdotes e aos fiéis que rezassem depois da Missa, sejam ditas por esta intenção particular, isto é, pela Rússia. Que os bispos e o clero secular e regular tomem ao seu cuidado informar os fiéis e aqueles que assistem ao Santo Sacrifício, e que não se esqueçam de lhes lembrar estas orações (Civiltà Cattolica, 1930, vol.III).

        
Conforme se pode constatar a presença aterrorizadora de Satanás foi claramente tida em conta pelo Pontífice; e a intenção que Pio XI, tinha acrescentado, visava mesmo o fundamento das falsas doutrinas difundidas no nosso século, que envenenaram não só a vida dos povos mas também dos próprios teólogos. Se a disposição tomada por Pio XI não foi respeitada, a falta deve-se àqueles a quem tinha sido confiada; inseria-se perfeitamente no âmbito dos avisos carismáticos que o Senhor havia dado à humanidade através das aparições de Fátima, embora mantendo-se independente desta: Fátima ainda era desconhecida do mundo. (Pe. Gabriele Amorth.)

O Exorcismo de Leão XIII, que nos mostra a ação nefasta do maligno, nos nossos dias, vê como é necessário recorrer à poderosa intercessão da Virgem Maria e de São Miguel, no ataque contra as forças do mal, quer se trate de males físicos como da alma. Inimigo dos homens, satanás tem inveja deles e ainda quando parece ajudá-los favorecendo-lhes uma vida de dinheiro, sensualidade e sorte, é sempre tendo em mira a sua condenação eterna.
Fonte:http://www.arcanjomiguel.net
Clevinho Maia (Legião de São Miguel Arcanjo)

leia mais em: http://www.arcanjomiguel.net/papa_miguel.html#ixzz2gFZTrAJW


Sancte Michael Archangele,
defende nos in proelio,
contra nequitiam
et insidias diaboli esto praesidium.
Imperet illi Deus,
supplices deprecamur:
tuque,
Princeps militiae caelestis,
Satanam aliosque spiritus malignos,
qui ad perditionem animarum
pervagantur in mundo,
divina virtute,
in infernum detrude. Amen.

São Miguel Arcanjo, 
protegei-nos no combate, 
defendei-nos com o vosso escudo 
contra as armadilhas 
e ciladas do demônio. 
Deus o submeta, 
instantemente o pedimos; 
e vós, Príncipe da milícia celeste, 
pelo divino poder, 
precipitai no inferno a Satanás 
e aos outros espíritos malignos 
que andam pelo mundo 
procurando perder as almas. 
Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. 
Ámen.

Segundo Capela São Isidoro (http://www.paroquias.org/oracoes/?o=230 ) O Papa Leão XIII, durante a celebração de uma missa particular, teve uma visão segundo a qual soube que o Demónio pediu permissão para submeter a Igreja a um período de provações. Deus concedeu-lhe permissão para provar a Igreja por um século (este século). Assim que o Demónio se afastou, Deus chamou Nossa Senhora e São Miguel Arcanjo e lhes disse: 
"Dou-vos, agora, a incumbência de contrabalançar a obra nefasta do Demónio."

O Papa a seguir compôs a oração a São Miguel Arcanjo, ordenando depois que fosse rezada de joelhos, no fim de cada Santa Missa.


quinta-feira, 26 de setembro de 2013

"A meditação lança a semente do equilíbrio que logo germinará para a nossa felicidade."

Xazyr I 
PERDOAR - Xazyr I

Com o perdão, temos amor e justiça.Para perdoar, precisamos comunicar com amor, sem censura.
Perdoar é fazer uma obra para si mesmo, ou melhor, fazer para o seu próximo como se fosse para si mesmo.
Perdoar é comunicação em todos os ramos para alcançarmos a Justiça Divina.
Por que não perdoar qualquer ofensa, qualquer conflito, por qualquer circunstância que nos apareça?
É fácil ceder de maneira generosa e perdoar sempre, procurando dar à pessoa o devido senso de justiça, fé e bondade.
Justiça é difícil de sabermos definir, mas sabemos que não há outra coisa mais dileta do que a transmissão. Simbolizamos a Justiça como se fosse ouro, porque é a única maneira de darmos a ela o devido valor.
Portanto, Justiça é uma modalidade de perdão, quem não souber perdoar, não sabe também o que é Justiça.
Quem não sabe o que é Justiça, difícil é chegar a Deus.
A moral como a Justiça está nas normas, que foram criadas pelo homem, a fim de que não saia das suas leis, quer seja de maneira emocional ou mental, mas sabe-se que devem ser cumpridas. No campo espiritual é bem mais elevado; se não houve o cumprimento das Leis de Deus, se não houver o Perdão, não poderemos jamais entender o que é Justiça.
A Justiça verdadeira é a Verdade máxima emanada de Deus. É o próprio Deus. É só querermos para que tenhamos a sua força para nos aprimorarmos. E procurando sempre o aprimoramento chegaremos ao ponto ou grau onde esteve Jesus quando levou uma bofetada na face, de um lado, virou o outro lado para ser esbofeteado também.
(...)
Aí está a verdadeira felicidade, sabermos receber a ofensa e naquele exato momento voltarmos nosso pensamento para Deus e dizer: - "Meu irmão fez isso comigo, mas eu lhe perdoo, que ele seja feliz". Essa felicidade a ele desejada, voltará para nós. Se assim fizermos, nós nos libertaremos, no mesmo instante da ofensa, daquela pessoa que nos ofendeu. Mas, ao contrário, quando não perdoamos pela ofensa recebida, nós não nos libertaremos do ofensor, dos seus ódios e dos seus rancores. Estaremos sempre presos àqueles sentimentos negativos e, assim, os males estarão continuadamente presentes e ligando sempre o ofensor e o ofendido.
No ato que se recebe a ofensa é o melhor momento de se liberar, perdoar. Somos todos iguais perante Deus, então sejamos assim, procurando sempre ser cada vez mais Sua semelhança e lembrar sempre que "é perdoando que se é perdoado"

trecho apostila n. 9 - 2a, edição - novembro 2009

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Meu Guru lamentava-se dos mau-agradecidos. A História

humana perde-se nos exemplos de ingratidão. Meu Guru 

também me ensinou a ter desprendimento suficiente para 

perdoar aos ingratos principalmente porque eles não tem 

consciência da consequência do ato que praticam.
"Meu Senhor quando o demônio se prostrar de 

joelhos diante de mim, com a espada que tu me

destes,que meu  coração tenha amor e humildade 

para perdoar e levanta-lo com minhas mãos 

comemorando com ele nossa vitória" !!!


Jerônimo das Cruzadas
"Com amor e bondade para todo o universo,

cultive um coração sem limites:


Acima, abaixo e em toda a volta,


desobstruído, livre da raiva e da má vontade."


Texto Budista
"Pessoas que brilham por dentro não precisam de holofotes".

Todd E. Creason - Grão Mestre Maçom
"Boas ações nos fortalecem e inspiram boas ações nos outros."

Platão
"Não somos seres humanos 

passando por uma experiência espiritual, 

somos seres espirituais passando 

por uma experiência humana." 

Teilhard de Chardin

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

“Como os místicos encontraram através dos tempos, o caminho para a descoberta, para a paz e a iluminação é uma viagem para dentro de si mesmo. Existe mais para nossa consciência do ser do que podemos perceber e é de dentro de nós que encontramos a chave que abrirá nossa sabedoria íntima. É a partir de dentro que podemos conectar com a fonte do conhecimento que se encontra além dos limites de nossos cinco sentidos.”  

Manuscrito Rosacruz

domingo, 22 de setembro de 2013

Podem usar as armas que quiserem. A batalha final não é externa, ela é interior. Cada fraqueza e queda é o combustível para a superação. A repetição e o arrependimento da repetição ou o esquecimento tornam-se o nada quando a consciência da superação traz a transmutação dos vícios em virtudes. Importa transformar o ataque do inimigo, em nossos pontos fracos, no mecanismo capaz de alimentar nosso combate contra o pior que temos dentro de nós, nos purificando pela transformação do carma em acarma.
"Como a Humanidade em essência é uma, nossa felicidade somente é possível pela promoção do bem-estar de todos seres humanos, sem exceção." 

Manuscrito Rosacruz 




sábado, 21 de setembro de 2013


http://ionebelico.blogspot.com.br/2011/07/santas-da-igreja-catolica.html






NOVENÁRIO EM HONRA DO DIVINO ESPÍRITO SANTO

—Imprimatur.

Fortaleza, 11-11-34.

MONS. J. A. FURTADO Pro-Vigario Geral

ÁS ALMAS PIEDOSAS

Propagar o culto ao Divino Espirito- Santo é a razão deste livrinho que vai acompanhado dos votos ardentes de quem anseia ver tributada uma devoção con­digna ao Santificador das almas.

Lamenta-se por toda a parte que o po­vo cristão ignore o dogma da habitação em nós da terceira pessoa divina.

Em boa hora aparece este Novenário e é de esperar que da difusão dele venha resultar melhor conhecimento da preciosidade da graça entre os fiéis.

Queira o Espirito Santo abençoar este trabalhozinho feito em sua honra e ilu­mine os corações com os seus divinos dons.

BIBLIOGRAFIA

The Forgotten Paraclete—Mgr. Landrieux

La Mission de 1′Eprit Saint—E. Manning — Archevêque de Westminster.

Dévotion au Saint-Esprit — Friaque.

Catecismo Católico — Dcharbe.

L’année liturgique — Dom Gueranger.

A alma Eucaristica.


ORAÇÃO PREPARATÓRIA

Vinde Santo Espirito, enchei os cora­ções de vossos fieis e acendei neles o fogo de vosso divino amor.

V — Enviae, Senhor, o vosso Espirito e tudo será creado.

V — E assim renovareis a face da terra.

OREMOS

Deus, que ilustraes os corações dos vos­sos fieis com a luz do Espirito-Santo, fa­zei que pelo mesmo Espirito saibamos o que è reto, e nos alegremos sempre com sua consolação.

Amen.

ORAÇÃO

Espirito-Santo, divino Paracleto, Pae dos pobres, consolador dos aflitos, Santificador das almas, eis-me prostrado em vos­sa presença; eu vos adoro com a mais profunda submissão e repito mil vezes, com os Serafins que rodeiam o Vosso trono: Santo! Santo! Santo!

Vós que enchestes de imensas graças a alma de Maria, e inflamastes de santo zelo os corações dos Apostolos, dignai-vos também abrazar o meu coração com o vosso amor. Aparecestes em forma de nuvem, de lingua de fogo, de pomba, para revelar as comunicações de vossa caridade.

Cobri-me com a sombra de vossa pro­teção, ensinai-me a maneira de vos lou­var incessantemente; dai-me costumes puros.

Emfim, sois o Autor de todos os dons celestes. Ah! eu vos suplico, vivificai-me com Vossa graça, santificae-me com vossa caridade, governai-me com vossa sabedoria, dotai-me como filho por vossa bon­dade e salvai-me pela vossa infinita mise­ricórdia, a fim de que não cesse nunca de vos abençoar, louvar e amar na terra, du­rante minha vida, em seguida no céu por toda eternidade. Amen.



PRIMEIRO DIA

Meditação

O Espirito-Santo é a terceira Pessoa da Santíssima Trindade. Vemos como uma graça singular que esta Pessoa di­vina se digna habitar em nós. E’ o Espi­rito-Santo mesmo que vem morar nos nossos corações, isto está escrito em cada pagina do Novo Testamento.

Si há uma cousa para admirar é que nós cristãos e catolicos que temos no coração a luz da Fé e nas mãos as san­tas escrituras, cheguemos algumas ve­zes á metade de nossa existencia e talvez ao fim de nossa vida sem mesmo nomear o Espirito-Santo, emquanto que falamos no Pae e no Filho.

E’ possível que ignoremos a presença intima do Espirito-Santo em nós?

Lastimavel ignorancia!

Não temos conciencia das operações continuas da graça, efeito da presença do Espirito-Santo em nossas almas.

Insensibilidade criminosa!

Si ha uma cousa para nossa vergonha, uma cousa que devia nos lançar de joe­lhos com o rosto em terra, é que, duran­te o correr do dia, nós vivemos como si não houvesse o Espirito-Santo; somos co­mo os Efesios, que quando o Apostolo lhes perguntava si eles tinham recebido o Espirito-Santo depois que abraçaram a fé, responderam: Nós nem sabiamos que havia Espirito-Santo. (Act. 19,2).

Nós vivemos no mundo e somos mun­danos; vivemos sobre a terra e as cousas da terra nos tornam terrestres; vivemos para o prazer, para o trafico, para o di­nheiro, para a leviandade, para a satis­fação de nossa vontade própria.

Si ha uma verdade preciosa a conhe­cer e doce a contemplar, uma verdade que ofereça interesse mais do que ordi­nário e contenha de alguma forma a me­dula do cristianismo, uma verdade frequentemente lembrada nos Santos Livros, e no entanto deixada quasi na sombra por quem tem o dever de pregar ao povo, é seguramente o dogma tão piedoso quan­to consolador da presença e da habitação do Espirito-Santo nas almas justas.

Eusebio conta de Leonidas, pae de Orígenes, que durante a noite, emquanto o seu filho dormia, o piedoso cristão, que logo seria martirisado, se aproximava de seu filho, e beijava-lhe com respeito o peito como um santuario do Espirito Santo.

RAMALHETE ESPIRITUAL

Não contristeis o Espirito-Santo. Não resistais ao Espirito-Santo. Não extingais o Espirito.

(Eph. 4,30 — Act. 7,51 — Thess. 5,19)

Exemplo — A ilustre Virgem de Syracusa acabava de distribuir com os pobres o rico dote que sua mãe tinha posto em reserva para o seu casamento.

Informado desta conduta e tomado de despeito, o jovem que tinha pedido a sua mão e ao qual Luzia tinha prometido con­tra a própria vontade casar-se, denunciou- a ao pretor Pascasio. Este mandou pren­der imediatamente a joven e quando ela compareceu diante do tribunal, nada lhe foi poupado para renunciar a religião cristã, tida por vã superstição, e para sa­crificar aos deuses.

“O verdadeiro sacrifício que nós deve­mos oferecer é visitar as viuvas e os orfãos, disse Luzia, é assistir aos pobres nas necessidades. Ha tres anos que eu ofereço este sacrifício ao Deus Vivo, e só resta sa­crificar a mim mesma como uma vitima que é devida á sua divina Majestade”.

—”Dizei isto aos cristãos e não a mim, respondeu Pascasio; eu sou obrigado a guardar os editos dos imperadores, meus senhores “.

Santa Luzia continuou; “Vós guardaes as leis destes príncipes e eu as de meu Deus; Vós temeis os imperadores da ter­ra, eu o do céu; Vós tendes receio de ofender um homem, e eu ao Rei Imortal; Vós desejais agradar a vossos senhores e eu ao meu Creador; não penseis poder-me separar do amor de Jesus-Christo.

“‘-—”Todos estes discursos acabarão, quando vierem os açoutes, retorquiu o pretor impacientado.

—”As palavras, atalhou a intrépida Virgem, não poderiam faltar àqueles a quem Jesus-Christo disse:

Quando vós fordes levados aos tribunaes não vos inquieteis sobre o que haveis de responder… o Espirito-Santo falará por vós”.

—”Vós acreditais que o Espirito-Santo está em Vós?

. —”Aqueles que vivem piedosamente e castamente são o templo do Espirito-San­to.

—”Pois bem, eu vos mandarei a um lu­gar infame afim de que o Espirito-Santo vos abandone”.

—”A violência feita ao corpo nada tira á pureza da alma; e, si vós me ultrajardes eu terei no céu uma dupla coroa”.

Deus salvou por um milagre a honra de sua esposa.

ORAÇÃO

Peço-vos, oh! divino Espirito-Santo que me visiteis com vossa graça e vosso amor.

Nós Vos pedimos, Senhor, que o Espi­rito-Santo venha ém nossos corações e morando neles os torne templos dignos de sua gloria.

LADAINHA DO ESPIRITO-SANTO

Senhor, tende piedade de nós

Pae Eterno todo-poderoso, tende piedade

de nós

Jesus, Filho Eterno do Pae e Redentor do

mundo, tende piedade de nós, Espirito do Pae e do Filho, Amor eterno,

Santificae-nos, Santíssima Trindade, ouvi-nos. Espirito-Santo que procedeis do Pae e do

Filho, vinde a nós Divino Espirito, que sois igual ao Pae e ao Filho, vinde a nós,

Promessa do mais terno e generoso dos Pais, vinde a nós

Dom do Deus altíssimo Fogo Sagrado Caridade Ardente Unção espiritual das almas Espirito de Verdade Espirito de Sabedoria e de Inteligência Espirito de Conselho e de Força Espirito de Ciência e de Piedade Espirito de Temor de Deus Espirito de graça e de oração Espirito de compunção e de confiança Espirito de doçura e de humildade Espirito de paz e de paciência Espirito de modéstia e de pureza Espirito consolador Espirito Santificador

Espirito do Senhor que encheis o universo Espirito de Infalibilidade que dirigis a Igreja

Espirito de adoção dos filhos de Deus Espirito Santo ouvi-nos Iluminae nosso espirito com vossa luz Inflamae nossos corações com vosso calor Tornae-nos firmes e corajosos na fé . Conduzi-nos na via de vossos mandamen­tos

Fazei-nos dóceis a vossas inspirações Ensinae-nos a orar e orae conosco

Ensinae-nos a nos amar e nos suportar

mutuamente Revesti-nos de caridade e misericórdia

para com nossos irmãos Inspirae-nos horror ao mal Dirigi-nos na pratica do bem Concedei-nos o mérito das virtudes Fazei-nos perseverar na justiça Sêde nossa eterna recompensa Cordeiro de Deus, que tirais os pecados

do mundo, perdoaiinos Senhor Cordeiro de Deus, que tirais os pecados

do mundo, ouvi-nos Senhor Cordeiro de Deus, que tirais os pecados

do mundo, tende piedade de nós V — Vinde, Espirito-Santo e enchei os co­rações de vossos fieis. R — E acendei neles o fogo do vosso divi­no amor.

ORAÇÃO

Que vosso Divino Espirito nos esclare­ça, abraze e purifique, e nos refrigere com seu celestial orvalho, tornando-nos fecundos em bôas obras, por Nosso Se­nhor Jesus-Cristo, que sendo Deus, vive e reina comvosco na gloria, em união com o Espirito-Santo.

Amen.

SEQUENCIA

Vinde, oh! Santo Espirito, e mandae do céu um raio da Vossa luz.

Vinde, oh! Pai dos pobres, vinde oh! Distribuidor dos bens, vinde oh! Luz dos

corações.

Vinde oh! Consolador ótimo, doce hos­pede, e suave alegria das almas.

Vinde aliviar-lhes os trabalhos, tempe­rar-lhes os ardores, e enxugar-lhes as lagri­mas.

Oh! luz beatíssima, inflamae os íntimos corações dos vossos fieis.

Sem a Vossa graça nada há no homem nada inocente.

Lavae pois o que está sordido, regae o que é seco, sarae o que anda enfermo.

Abrandae o que é duro, abrazae o que é frio, e reconduzi o desviado.

Concedei aos vossos servos, que em vós confiam, o setenario de vossos dons.

Dae-lhes o mérito da virtude, o dom da graça final, e o glorioso prêmio dos pra­zeres eternos.

Amen..

Espirito Divino acende em mim a luz que faça o meu destino ser alcançar Jesus.


SEGUNDO DIA

Meditação

O Espirito-Santo é comparado a uma fonte de agua viva e também a um fogo ardente.

“O fons vivus, Ignis, Charitas!”

A agua é vida. Na natureza a agua cir­cula como o sangue nas nossas veias. Quer ela brote do seio da terra ou se ar­roje das montanhas em torrentes, ou cáia do céu em chuva, é a agua que fertiliza a terra.

Sem ela, a terra mais rica permanece esteril. Onde há agua a vida resurge, a semente germina, a seiva circula nas plantas.

A agua faz o oásis surgir no deserto!

A ação da agua na natureza nos faz comprehender a ação da graça nas almas.

A graça santificante, como a agua, pu­rifica, refresca e vivifica.

As almas santas são comparadas a “jardins fertilizados por aguas vivas”, a “arvores vicejantes plantadas na beira das aguas”.

A agua fertiliza a terra, mas é o sol que faz a seiva levantar, que dá á flor seu brilho e á fruta seu sabor.

Nas sagradas Escrituras, o homem jus­to é comparado á palmeira: “o justo florescerá como a palmeira”. A palmei­ra para florecer deve possuir aguâ e sol em abundancia, pois a estes dois elemen­tos deve a vegetação tropical a sua vida.

Assim, o fogo é também principio de vida. O fogo não somente vivifica mas purifica, ilumina e inflama.

E’ o simbolo do trabalho da graça nas nossas almas, nos tres graus de vida purgativa, iluminativa e unitiva.

0 fogo torna o ferro flexível e, ao mesmo tempo que torna inaleaveis os me­tais duros, dá ao giz que o artista mode­lou a consistência de pedra. Da mesma forma, o Espirito-Santo amolece os co­rações endurecidos pelo vicio e dá ás al­mas fracas a energia, e o vigor, como o fez com os Apostolos no Pentecostes,

O Espirito-Santo ilumina, vivifica, é luz para o coração: lumen cordium, e porisso é principio de união. A fé nos aproxima de Deus, o amor nos une a Ele.

“Eu vim para lançar fogo á terra”, dis­se Nosso Senhor, este fogo que é a cari­dade, o amor.

A Nicodemos, Jesus declara que: “Si o homem não renascer da água e do Es­pirito Santo, não entrará no reino de Deus” (João III 5) e João Batista pre­gou que o Messias batisaria “no Espirito- Santo e no fogo”.

Vêde! Agua, fogo, e sempre o Espiri­to-Santo.

Este batismo de fogo, receberam-no os Apostolos 110 dia de Pentecostes, quan­do o Espirito-Santo desceu sobre eles em linguas de fogo.

RAMALHETE ESPIRITUAL

A alma não está tão unida ao nosso cor­po como o Espirito divino está com a nossa alma.

EXEMPLO

O Espirito-Santo distribue seus dons conforme lhe apraz, a uns dá o dom das linguas, a outros o das profecias, das reve­lações e dos milagres.

Santo Antonio de Padua pregou em Ro­ma e todos os homens o entenderam, em­bora sendo de nacionalidades diferentes.

—De São Francisco Xavier, Apóstolo da índia e do Japão, referem os processos de canonização que falou as linguas de vários povos tão corretamente, como si tivera nascido e sido educado no meio deles. E, sucedeu muitas vezes que, ouvindo-o pre­gar, homens de diversas nações, ao mesmo tempo, cada um deles o entendia, como si lhes falasse na sua própria lingua.

—O nosso veneravel Padre Anchieta, Apóstolo do Brasil, fazia milagres com tanta frequencia, que o chamavam: o Taumaturgo. O seu dom de milagres ma­nifestou-se especialmente no domínio que exerceu sobre os elementos e sobre os ani- maes.

Um dia, achava-se o Padre Anchieta á beira-mar, em profunda meditação, por tal modo que subindo a maré e sem ele o notar nem mover-se, viu-se num momen­to rodeado das ondas; porém estas nem siquer humedeceram os seus vestidos.

-—Noutra ocasião, navegando o Padre Anchieta numa barca, com o mar em calma e um calor forte que sufocava os marinheiros, viu na margem de um man­gue tres ou quatro guarás, e lhes disse em lingua indigena: “Ide, chamae vossos companheiros, e vinde fazer-nos som­bra”. Foram, e em breve voltaram em uma formosa nuvem que se poz sobre a canoa por espaço de uma légua, até que entrando a viração, pois elas batiam as azas como que abanando com um leque, transmitiu ar fresco aos marinheiros, maravilhados de tão amigavel e inespe­rado obséquio.

Este caso foi jurado pelo companhei­ro Pe. Pedro Leitão diante do P. Fernão Cardim, Provincial e diante de outras pessoas.

ORAÇÃO

Peço-vos, oh! divino Espirito-Santo, que me visiteis com vossa graça e vosso amor.

Permiti, Senhor, que a infusão do di­vino Espirito purifique os nossos cora­ções e os faça fecundos com a intima aspersão da sua graça .

Amen.

Vinde, Luz de caridade Inflamar os corações A todos nós, por piedade, Defendei nas tentações.


TERCEIRO DIA

Meditação

O orgulho é o grande obstáculo á nos­sa perfeição. É o orgulho que nos leva a resistir a Deus, a nos perder.

Quem nos salvará de tão grande peri­go? Quem nos dará a humildade?

O Espirito Santo, infundindo em nós o dom de temor.

O dom de temor nos dá o profundo sentimento da grandeza e da soberana Majestade de Deus, em cuja presença •somos como o nada.

Praticamente, nos mostra em Deus o Mestre onipotente, o Legislador.

Um dos erros do modernismo é alte­rar as verdades da religião; o livre pen­sador glorifica o pecado e nós o julgamos com menos severidade, exalta as paixões e nós as desculpamos, nega o inferno e nós o imaginamos menos terrível do que é. Assim, o salutar temor do juizo de Deus morre nas almas.

Temer a Deus não significa ter medo d’Ele. Este temor de Deus, dom do Es­pirito Santo, nos torna apreensivos em ofender a nosso Pae celeste, em contristá-lo nas minimas cousas: Temor que au­menta á medida que aumenta o amor.

O Espirito Santo nos faz conceber quão grande é este Deus que a Fé revela e nos leva a nos inclinar diante de sua Majes­tade: é a Adoração.

Penetra e excita no coração um sen­timento de segurança, de abandono nas mãos de um Deus onipotente: é a Con­fiança .

Influe sobre a vontade e a move a ser­vir sempre um Mestre tão perfeito: é a fidelidade.

Desce ao intimo da consciencia inspi­rando o sentimento de compunção, tor­nando-a delicada, receiosa em ofender a Deus.

E’ neste harmonioso conjunto de res­peito, confiança, fidelidade e compunção que consiste o dom de temor.

Os frutos do dom de temor são a mo­déstia, a temperança e a castidade.

RAMALHETE ESPIRITUAL

“Bemaventurados os pobres de espirito porque deles é o reino dos céus”.

Esta bemaventurança corresponde ao dom da piedade.

EXEMPLO

0 imperador Juliano, vinte anos de­pois de ter recebido o batismo e a confir­mação, renunciou á fé e tornou-se impio.

Convencido de que estes dous sacra­mentos haviam impresso em sua alma caracteres indeleveis e eternos, e queren­do por força se livrar desses dous carac­teres espirituaes, que sem cessar lhe cen­suravam a apostasia, recorreu a todos os meios possíveis, sem pensar que esses mesmos esforços eram uma testemunha eloqüente a favor desta religião que ele combatia com tanto furor e tenacidade.

A historia relata que ele fazia correr sobre sua pessoa o sangue das vitimas imoladas nos altares dos falsos deuses, e recorria ás praticas supersticiosas, afim de destruir em sua alma a impressão, o sinal sagrado de cristão e confirmado.

Ai dele! o desgraçado só fazia irritar a cólera divina e agravar sua culpa.

A despeito de seus esforços sacrilegos, quando a trombeta do anjo chamar os ho­mens ao juizo final, será na qualidade de cristão confirmado que ele sahirá do se- pulcro e virá dar contas do abuso das graças que lhe, deram os sacramentos.

ORAÇÃO

Peço-vos oh! divino Espirito-Santo, que me visiteis com vossa graça e .vosso amor, e me concedais o dom do Temor, para me servir de freio afim de não recair nas faltas passadas, das quaes eu vos peço perdão.

LADAINHA SEQUENCIA

Temor de Deus vos suplicamos, Sempre nos vinde dominar. Todos os dons, solicitamos, Vinde em nossa alma derramar.

QUARTO DIA

Meditação

O dom do Temor nos cura do orgulho. – O dom da Piedade é derramado em nossas almas para combater o egoísmo, segundo obstáculo á nossa união com Deus.

Este dom da Piedade nos mostra Deus como um Pae muito bom e suscita em nossas almas um desejo ardente de lhe agradar. Faz-nos doces e confiantes para com este Pai celeste, quando pre­cisamos pedir-lhe um favor ou confessar- lhe uma falta.

Entretém em nossos corações relações de amor para com a Santíssima Virgem a quem consideramos uma Mãe ternissima e poderosa medianeira, para com os Anjos e Santos que temos como prote­tores e advogados.

Infunde em nós o amor a todos os ho­mens, sobretudo aos pobres e humildes.

Ha uma falsa piedade que é uma cari­catura da verdadeira; é superficial, es­treita, falha de sentimentos generosos e de idéias elevadas, escrava de formulas e palavras; piedade farisaica que se interes­sa mais com os objetos da piedade do que com a Virtude, que pratica os conselhos e negligencia os preceitos, se ocupa de tra­balhos supérfluos e esquece os impostos pelos dever, piedade de rotina, suspeita, sentimental, perdida num vago misticis­mo, que se acomoda a tudo, meia munda­na, meia cristã.

A piedade será para nós questão de tem­peramento? Naturezas impressionáveis fa­zem consistir a piedade em sentimentalismo; naturezas ardentes no zelo exterior; a piedade dos fracos se limita a não ofender os outros.

Será lógica a nossa piedade?

Teremos em nós uma mistura de de­voção e dissipação, misticismo em nos­sas idéias e trivial idade em nossa vida, sentimentalidade espiritual e grande cobardia em face do dever?

Há inúmeras almas piedosas, como as multidões da galiléa.

Elas se comprimiam em volta de Nos­so Senhor, mas, de todas, só uma mu­lher pobre e humilde tocou o Senhor com fé e confiança.

“Quem me tocou?” perguntou Jesus. Respondeu S. Pedro; “Senhor, ás multi­dões vos cercam e Vós dizeis quem me tocou?” e Jesus disse —”Alguém me tocou, porque uma virtude emanou de mim”.

Como os raios do sol o dom da pieda­de é luz, calor e vida, e se compõe de fé, amor, e força; vai a Deus sem cons­trangimento; é o sentimento religioso em toda a sua delicadeza. E’ menos um ato de obediencia imposto ao servo que uma prova de ternura em que se com­praz o filho.

Os frutos que produz a piedade são: a alegria espiritual e as doçuras da carida­de.’

RAMALHETE ESPIRITUAL

Bemaventurados os mansos porque possuirão a terra”.

EXEMPLO (extraído da vida de Guy de Fontgalland).

A piedade do pequeno Guy de Fongalland não é uma manifestação exterior, ritos, formulas: é a sua própria alma. .

E’ extraordinaria a intimidade a que chegára Guy com seu “menino Jesus”.

Sua professora, acompanhando-o á missa tinha-lhe pedido que rezasse por uma de suas intenções. Assim fez Guy, e logo depois da Elevação voltando-se para ela, disse-lhe: “Mademoiselle, está feito, já rezei para o que a Sra. me pe- dio”.

Como há sempre pessoas que tenham da piedade uma idéa medíocre, a profes­sora não deixou de fazer observar ao pe­queno que ele devia se ter abstido de fa­lar depois da Consagração:

—Mas, sim! diz Guy, quando todos a- baixam a cabeça eu a levanto, olho para Deus bem em frente e digo o que tenho a dizer-lhe: é o meu momento!

Que força no caracter! que retidão más­cula e leal na piedade.

É o meu momento, diz Guy. . .

Bemdigamos a minúcia um tanto mes­quinha da excelente professora.

Ela vai nos mimosear com uma res­posta ainda mais bela.

—Mas, durante a ação de graças, quan­do Jesus está no seu coração?

—Oh! responde Guy sorrindo, ahi não é a mesma cousa, Jesus me fala, eu o escuto e o saboreio!”

A propósito desta resposta, disse um padre franciscano, da mais brilhante in­teligência, que, na sua opinião, semelhan­te frase indica um estado mystico muito elevado.

ORAÇÃO

Peço-vos, oh! divino Espirito-Santo, que me visiteis com Vossa graça e Vos­so amor e me concedais o dom da Pieda­de, afim de que eu possa vos servir com mais fervor, seguindo com docilidade vossas santas inspirações, observando vossos divinos preceitos. ..

LADAINHA SEQUENCIA

Divina Luz da Piedade Nos inflamando o coração Com o Santo ardor da caridade Nos purifique a imperfeição.

QUINTO DIA

Meditação

— 0 dom da Ciência ensi­na aos homens as verdades da fé, a prati­ca das virtudes cristãs, dando-lhes o ver­dadeiro conhecimento de seus deveres.

Retifica e amadurece nosso raciocínio e nos torna capazes de discernir o bem do mal.

A fé é a luz de nossas almas.

Pelo dom da Ciência, o Espirito-Santo faz brilhar esta virtude de maneira a dis­sipar nossas trevas; esclarece as duvidas e expele o erro.

A alma iluminada fica ciente do pouco

valor deste mundo, este mundo variavel e traidor, que promete mais do que dá.

0 dom de Ciência nos ensina a vêr Deus nas suas obras, a lêr no grande livro da natureza o poema escrito por Deus, porque toda creatura é uma palavra des­te poema divino, uma especie de sacra­mento, um sinal visivel que contém um fragmento da idéa de Deus.

Os santos descobrem nas criaturas tu­do o que elas revelam de Deus, de seu poder, sabedoria, e bondade, porque as obras de arte proclamam bem alto o seu autor. Na harmonia do universo perce­bemos os traços do Creador. a marca de seus passos, a impressão de sua mão, o éco de sua palavra, o reflexo de seu pen­samento, a radiação de seu amor.

O dom de Ciência também aumenta o poder intelectual dos sábios, e ilumina os gênios. Nos iletrados dá e esclarece o bom senso, mais valioso que o arrogante conhecimento dos sábios.

A Ciência — o sentido do sobrenatural é para a alma o que a luz do sol é para os olhos, o que o conhecimento humano é para a mente. Aqueles que não possuem este dom são como os cegos que têm meios limitados de percepção: um senti­do falta a eles, e um aspeto do mundo lhes escapa.

O fruto deste dom é uma fé esclareci­da que nos ajUvia a usar das criaturas sem os lastimaveis desvios.

RAMALHETE ESPIRITUAL

Bemaventurados os que choram, por­que serão consolados.

EXEMPLO

Santa Verônica de Milão, morta em 1494, era uma humilde camponeza, que não havia recebido instrução humana e nem sabia siquer lêr. A graça do Espiri­to-Santo recebida no crisma foi seu úni­co professor e lhe revelou os segredos do reino dos céus. As luzes interiores do di­vino Espirito a faziam meditar sem ces­sar nos mistérios e nas verdades principaes da fé. Tornando-se religiosa, dese­jou lêr as Sagradas Escrituras, e para is­to, passava as noites aprendendo a lêr, sósinha; conseguio-o finalmente, tendo que vencer dificuldades incríveis.

Um dia, num momento de piedoso abandono, queixou-se a Deus da lentidão de seus progressos.

O Espirito-Santo a consolou numa vi­são: “Não te inquietes, lhe disse, basta conlieceres três cousas — primeiro: a pu­reza de coração, que consiste em amar a Deus acima de tudo, e em amar as criatu­ras para Ele; segundo: não murmurar nunca e suportar com paciência os de­feitos do proximo; terceiro; ter cada dia um tempo marcado para meditar sobre a Paixão de Jesus-Cristo.

Fiel ás lições do Espirito de Deus, San­ta Verônica avançou rapidamente no ca­minho da perfeição.

ORAÇÃO

Peço-vos, oh! divino Espirito-Santo, que me visiteis com vossa graça e vosso amor e me concedais o dom da Ciência, afim de que eu possa conhecer bem as cousas de Deus e, esclarecido por Vossas santas instruções, andar sem me desviar do caminho de minha salvação.

LADAINHA SEQUENCIA

Dai-nos Ciência que nos guie A Jesus, oh! Mestre Senhor, Nossa razão jamais se alie Aos erros mil do sedutor.


SEXTO DIA

Meditação

O dom da Fortaleza comunica á alma- uma coragem sobrenatural, uma energia divina, que a torna capaz de enfrentar as dificuldades, os sofrimentos, as tentações, os perigos, as tristezas e as provações de que é cheia a vida do homem nesta terra.

O dom da Fortaleza nos torna capazes de empreender e de agir. E’ um movi­mento sobrenatural que dá á alma um especial controle sobre os sentidos e a na­tureza, é a tenacidade 110 bem.

E’ o dom que faz as grandes almas, os corações nobres e os caracteres heroicos.

Agir e sofrer: eis a vida.

Agir para Deus é a fonte da vida sobre­natural, sofrer pelo amor de Deus é o segredo da perfeição.

E’ o dom da Fortaleza que sustenta a alma contra os assaltos do inimigo infer­nal, contra o espirito do mundo que me­nospreza a virtude e rejeita a pobreza, a castidade e a humildade.

Todas as maravilhas de coragem, cons­tância, abnegação, penitencia, e resigna­ção são devidas ao dom da Fortaleza. Si multidões de almas de sua livre vontade procuraram a cruz e carregando-a não a acharam demasiado pesada, devem isto ao dom da Fortaleza; porque todo nosso ser se revolta contra o sofrimento. Para suportá-lo é preciso uma energia de von­tade, um império sobre si mesmo que não estão na nossa natureza e que só a graça pode dar.

Está em contradição com o dom da Fortaleza o respeito humano, unido a uma certa cobardia que se intimida dian­te do juizo mundano.

Seus frutos são: a longanimidade, que não se cansa de praticar o bem, a paciência que suporta todas as provações, e a ale­gria que é a primeira recompensa dada pe­lo Espirito-Santo a quem pode dizer como São Paulo “Combati o bom combate”.

RAMALHETE ESPIRITUAL

“Bemaventurados os que têm fome e sê- de da justiça porque serão fartos”.

EXEMPLO

Na ultima perseguição do Japão, um japonez dizia á sua mulher, na presença de seu filhinho de dez anos: “Pobre criança!

E’ muito pequeno para confessar sua fé e ser martirizado! Tornar-se-á pagão!”

Ouvindo isto, a criança foi buscar um ferro em braza e passou-o na mãozinha. A mãe lh’o arrancou com grandes exclama­ções.

—”Como veem, respondeu a criança, posso também vos acompanhar no mar­tírio .

Eis as maravilhas que o Espirito-San­to opera numa alma de criança!

—Lê-se nos anaes da ultima persegui­ção do México um fato comovedor.

Os perseguidores tinham em seu poder um menino piedoso -a quem, á força de maltratos, queriam fazer confessar onde estavam escondidos o bispo e os padres mexicanos. Porem o pequeno permane­cia calado. Tinham-no pendurado, pre­so apenas pelos dous polegares.

Num momento dado, o pequeno martyr declarou ter uma cousa a dizer. Os malvados algozes sorriam com ar de tri­unfo, pensando tê-lo vencido.

Quando o desprenderam, ele deixou ca- hir sacudindo-as, as duas falanginas par­tidas pela corda que segurava o corpo e então apresentou-lhes os dous indicado­res para ser suspenso novamente.

Furiosos, os algozes o ligaram sem pie­dade, e, com um tiro certeiro no coração, transplantaram esta florsinha para sua verdadeira patria: o céu.

ORAÇÃO

Peço-vos, oh! divino Espirito-jSanto, que me visiteis, com vossa graça e vos­so amor, e me concedais o dom da For­ça, afim de que eu possa vencer os ata­ques do demonio e todos os perigos que no mundo se opoem á salvação de minha alma.

LADAINHA SEQUENCIA

Na tentação cruel, terrível, Ah! sustentai o nosso ardor E que por Vós, Força invencível, Sempre lutemos com valor.


SÉTIMO DIA

Meditaçao

O dom de Conselho produz na ordem sobrenatural o que a prudência faz na ordem natural.

Ensina a julgar os homens e as cousas com o espirito cristão e mostra-nos a ma­neira de tratar santamente a todos. Dirige cada um em particular com uma discreção em que se unem a força e a suavida­de fazendo-o falar ou calar, agir ou espe­rar, segundo os tempos, os lugares e as circunstancias.

O dom do Conselho leva a distinguir en­tre duas cousas boas e justas qual é a me­lhor, a mais elevada, a mais agradavel a Deus.

Ao barco duvidoso no mar revolto, é necessário um piloto esclarecido que co­nheça a rota segura, por entre rochedos e abrolhos.

Assim, a alma iluminada com o dom de Conselho discerne os meios e vê clara­mente o seu caminho, para o seguir com confiança, seja árduo embora, esteril ou repugnante.

Não receia o zelo indiscreto que empre­

ende mais do que pode realizar, ficando assim salva da agitação e da inconstância.

Os mandamentos e os preceitos do Evan- gelho marcam a fronteira de nossas obrigações morais, e nos traçam a vereda ordinaria da salvação. Mas, si os Man­damentos bastam para nos livrar da perdição, não nos libertam suficiente­mente das perplexidades e preocupações da vida. Uma regra mais estrita é exigi­da: é a dos conselhos evangelicos. Não é obrigatoria. Si é apontada para to­dos, só para alguns é especialmente pro­posta.

Há no Evangelho paginas de miste­riosa significação que só penetram aque­les que têm o dom de conselho.

E’ o tesoiro escondido do Evangelho.

Os frutos deste dom são: a docilidade e a obediencia em seguir em todas as oca­siões os conselhos do Espirito-Santo.

RAMALHETE ESPIRITUAL

Bemaventurados os misericordiosos por­que alcançarão misericórdia.

EXEMPLO

Nada deve se colocar como obstáculo entre nós e o serviço de Deus. Si Ele nos chama ao completo sacrifício, este sacri­fício deve ser feito.

—São Caetano ocupava em Roma uma posição honravel e lucrativa.

A atmosfera da corte pontificai, com seus esplendores permitidos, lhe pareceu perigosa; renunciou a tudo, fez-se padre e passou toda sua vida em obras de ca­ridade, para a salvação das almas.

—St.0 Afonso, quando advogado, se afastou um dia, ligeiramente, da verda­de; sua consciência ficou de tal forma a- larmada, que ele renunciou imediatamen­te a esta profissão, onde estavam todas as esperanças do seu futuro.

-—St.a Rosa era bela, e sua pessoa atraia a atenção. Ela cortou os cabelos, com o receio de se expôr á tentação, e por sua humildade, e modéstia, encontrou facili­dade em proseguir no caminho da santi­dade .

—São Carlos Borromeu vendeu todo seu patrimonio e em um só dia distribuiu com os pobres o dinheiro.

Não houve pastor na Igreja que traba­lhasse tão energicamente, e que tomasse tão pouco repouso como São Carlos.

Não houve jamais quem fosse tão de­dicado para ganhar as almas, não reser­vando para si um instante, como ele.

Sempre rodeado de homens, cheio de negocios, ocupado do clero, da arquidio­cese, dos necessitados.

A prece se aliava á sua ação.

ORAÇÃO

Peço-vos, oh! divino Espirito-Santo, que me visiteis com vossa graça e vosso amor, e me concedais o dom de Conselho, afim de que eu possa escolher o que é mais con­veniente á minha santificação, e descobrir as ciladas do espirito maligno.

LADAINHA SEQUENCIA

Vinde nos dar Vosso Conselho Que nos ensine a sempre ver Em Jesus-Christo, nosso espelho, 0 que devemos resolver.

OITAVO DIA

Meditação

O dom da Inteligência nos dá a perce­pção clara, o sentido intimo das verdades divinas.

Consiste numa iluminação que nos tor­na capazes de penetrar profundamente as verdades sobrenaturais, não de um modo obscuro, mas, por uma especie de intui­ção que vê como transparentes as pala­vras e os symbolos.

A alma contempla o objeto de sua fé, como si possuísse um novo sentido, e com olhos que se abriram para a luz de um mundo mais elevado.

“Intellectus” vem de “intus legere” que significa penetrar o espirito da letra.

A alma dotada da inteligência se sente dilatada por esta clareza, esta luz, que lhe aumenta a fé, a esperança e a caridade.

Sente-se impressionada de um modo no­vo pela leitura do santo Evangelho, acha um sentido desconhecido nas palavras do Salvador, comprehende melhor o fim dos Sacramentos, sente-se comovida pelos ritos profundos da liturgia, e atraida pela vida dos Santos, que lhe causa grande edificação.

O dom da Inteligência, assim como o da sabedoria, completa a obra da perfeição, e nos conduz á contemplação.

Esta atração para a vida contemplati­va não depende das condições materiaes da existencia, e não é o privilegio das al­mas enclausuradas. Encontra-se ás vezes numa operaria, numa camponeza, numa mãe de família, pois, a graça da contemplação não é fruto da ciência mas antes da humildade de espirito, e da pureza de co­ração .

O fruto do dom da Inteligência é uma fé luminosa.

RAMALHETE ESPIRITUAL

Bemaventurados os limpos de coração porque verão a Deus.

EXEMPLO

Escreve um missionário da China:

Numa missão, encontrei uma menina- sinha de dez anos, muito bem instruída da religião, o que nesta idade é muito raro entre os chinezes. Esta criança desejava ardentemente se crismar, eu hesitava, no entanto, achando-a jovem demais. Que­rendo me certificar si sua coragem egualava sua inteligência, disse-lhe: “Depois que estiveres crismada,que farias si o man­dariam te puzesse na prisão, te interrogas­se sobre a doutrina? que responderias?

—Responderia: sou cristã pela graça de Deus.

—E si ele te mandasse renunciar ao Evangelho, que farias?

-—Responderia: Nunca.

—Si ele chamasse o carrasco e te dissesse: Apostasia, ou terás a cabeça cortada, qual seria tua resposta?

—Eu lhe diria: Corta!

Encantado de vê-la tão bem disposta e resoluta, não hesitei em administrar-lhe o sacramento da Confirmação.

ORAÇÃO

Peço-vos, oh! divino Espirito-Santo, que me visiteis com vossa graça e vosso amor e me concedais o dom da Inteligência a- fim de que eu possa entender os misté­rios divinos, e pela contemplação das cousas celestes desapegar meus pensamentos e afetos de todas as vaidades deste mun­do miserável.

LADAINHA SEQUENCIA

Divina luz de Inteligência A nossa mente esclarecei E com fervor e diligencia Nós seguiremos vossa lei.

NONO DIA

Meditação

O dom da Inteligência nos conduz á Sa­bedoria, assim como o conhecimento é o primeiro passo para o amor.

Conhecendo a excelencia de uma cousa, desejámo-la.

O Espirito-Santo é luz e calor, é amor e Verdade ao mesmo tempo.

O dom da Sabedoria é ligado ao da In­teligência, emquanto ao objeto que numa é mostrado, e na outra é possuído.

O dom da Sabedoria é bem interpreta­do pela etymologia da palavra sapiência: “sapere”, saber bem, sentir o gosto, provar as cousas divinas, estimar o valor das cou­sas pelo sabor.

O dom da Sabedoria consiste na expe- riencia do coração que possue o dom di­vino, e se compraz na sua posse. Com e- feito, a sabedoria é o amor puro, é santi­dade, é a ultima palavra da perfeição, re­sumidas neste grito do Salmista “Oh! provae e vede como o Senhor é suave”.

O dom da Sabedoria está em nossos co­rações, possuindo nós a graça santificante, e cresce, á medida que formos fieis e dó­ceis ás inspirações divinas.

Os que têm mais facilidade de adquirir o dom da Sabedoria são os pobres, cuja condição engendra a simplicidade, ames- quinha e aniquila o orgulho que é o grande obstaculo á nossa união com Deus.

Depois dos pobres, são as crianças ba- tisadas, pois as suas almas ainda não fo­ram manchadas, nem seus corações obs- curecidos pelo pecado.

Quando a Sabedoria increada, o Filho de Deus, veio a este mundo, ela tocou em muitas cousas com suas mãos divinas: os doentes, os aflitos, os famintos, os mori­bundos, as crianças; o pão que benzeu e dividiu no deserto; a dor e o sofrimento; emfim as abraçou na Cruz. Jesus deixou em tudo o que tocou um perfume, uma doçura, que só percebem aqueles que possuem o dom da Sabedoria.

A Sabedoria é o ante-gosto da nossa fe­licidade eterna, é a suprema perfeição da alma em sua união com Deus.

O fruto deste dom é uma estima sin­gular da sabedoria divina.

RAMALHETE ESPIRITUAL

Bemaventurados os pacificos porque se­rão chamados filhos de Deus.

EXEMPLO

Santo Antão, abade, cujas austeridades extraordinarias a todos causavam espanto e admiração, tinha um aspeto singular­mente alegre, de maneira que os estrannhos que visitavam a solidão em que vi­via reconheciam-no á primeira vista pelo seu rosto sereno, onde brilhava o mais pu­ro gozo, e distinguiam-no entre todos os monges.

Isto parece incompreensível ao munda­no, que pensam que uma vida mortificada é penitente é incompatível com uma verdadeira alegria e gozo do Espirito-Santo; vê os espinhos da abnegação, mas não as suas rosas; experimenta a amargura dos padecimentos, mas não saboreia a sua doçura; olha para a cruz, mas não vê a unção que o Espirito de paz nela infunde.

0 servo de Deus, Contardo Ferrini, ilus­tre professor de direito romano, que na cátedra da universidade italiana, fez res­plandecer ao mesmo tempo a ciência, a nobreza da fé, e a pureza dos costumes, costumava dizer: —”Eu não posso conce­ber uma vida sem oração, um despertar matutino sem o sorriso de Deus, um re­pouso noturno sem que seja sobre o pei­to de Cristo”.

Cada manhã recitava suas orações e fazia sua meditação; cada manhã ia á igreja para a “festa dos santos pensamen­tos”, como dizia. Depois de longas via­gens, mal descia do trem, procurava uma igreja para assistir ao santo sacrifício da Missa e unir-se a Jesus na comunhão.

E era um leigo e, mais ainda, professar de universidade. ..

ORAÇÃO

Peço-vos, oh! divino Espirito Santo que me visiteis com vossa graça e vosso amor, e me concedais o dom da Sabedoria, afim

de que eu possa dirigir minhas ações a Deus, e o possua eternamente no ceu, de­pois de o ter amado e servido nesta terra

Amen.

LADAINHA SEQUENCIA

Vinde nos dar Sabedoria Que nos dispensa a salvação 0 nosso empenho noite e dia Seja alcançar a perfeição.