segunda-feira, 31 de dezembro de 2012




Estatua-Templo-Buda-Primavera-China

O grande elefante não passeia pelos caminhos do coelho;
A Suprema Iluminação está além dos estreitos limites do intelecto;
Cessa de medir o céu através de um canudo de bambu;
Se ainda não compreendeste, agora eu tenho a coisa preparada para ti.

Fonte: Gonçalves, Ricardo M. (org) Textos Budistas e Zen-Budistas, SP, Cultrix, 1976.



O Tríplice Refúgio

Eu me refugio em Buda
Eu me refugio na Lei
Eu me refugio na Comunidade.


Tiçarana

Buddham Saranam Gacchami
Dharmam Saranam Gacchami
Sangham Saranam Garcchami
OS CINCO PRECEITOS FUNDAMENTAIS

I - Eu me comprometo a não matar.
II - Eu me comprometo a não tomar nada que não me seja dado voluntariamente por outrém.
III - Eu me comprometo a não me entregar a prazeres proibidos.
IV - Eu me comprometo a não dizer nada de falso e a não dizer a verdade em ocasiões inoportunas.
V - Eu me comprometo a não me intoxicar com bebidas ou entorpecentes.

Fonte: Gonçalves, Ricardo M. (org) Textos Budistas e Zen-Budistas, SP, Cultrix, 1976.

terça-feira, 25 de dezembro de 2012

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Muitas vezes calar e recolher-se ao silêncio, nos garante a integridade física e mental. Guardar dentro de   si o julgamento sobre o outro, pode nos trazer benefícios espirituais, pode evita a consequência da ação, a reação desproporcional ou o atrito que podem ser sublimados e transmutados quando realizamos uma meditação profunda sobre nossas crenças e juízos e procuramos superar nossas diferenças pelo convívio  com aqueles do qual escondemos nossas primeiras impressões. Grande sabedoria teve o criador ao não dar o dom da telepatia a todos. Neste grau de nossa evolução, pela exclusão da capacidade inata em ler o pensamento alheio, podemos modificar nosso comportamento e entendimento em relação aos outros.

 
Os primeiros ensinamentos aparentam ser elementares mas podem levar vidas e vidas para a devida assimilação. A humildade é uma permanente construção nutrida pela argúcia e pela vigilância ante a ameaça da vaidade e da ambição.  Muito mais difícil é reconhecer que criamos e sustentamos as circunstâncias que nos derrotam no cotidiano. Nada somos mas sempre atribuímos valor maior a outras pessoas ou coisas e isso nos influi em nosso comportamento diante da vida. O que aparenta ser uma humilhação pode não passar de um erro de avaliação nosso ou mesmo de uma superestimação de nossas expectativas dos outros sobre nós. Talvez não passemos de crianças que cresceram sem aprender  as básicas primeiras lições elementares.  Por outro lado, somos diferenças no mesmo plano, identidades e individualidades únicas enfrentando inseguranças e despreparos maiores que os nossos. Exatamente neste confronto de afirmação de poder, somos vitimados pelas humilhações perpetradas por aqueles que  disfarçam a própria insegurança nos atacando e ameaçando com perguntas, atos e gestos. Precisamos estar atentos em discernir certos momentos de humilhação de ter humildade em certos momentos.  A nossa sabedoria nesse julgamento é essencial para a nossa evolução.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012




Invocação da Luz

Ó! Deus Todo-Poderoso,
presente em meu coração e
Todo-Poderoso Elohim da Paz!
Eu peço que cada vez mais
a Chama Violeta Consumidora 
seja derramada sobre mim 
e sobre todos aqueles que
estão sob esta radiação, 
para nos proteger contra a ação 
desastrosa das criações humanas destrutivas, 
para controlar os poderes da natureza 
e as forças dos elementos, 
neste instante mesmo 
e por toda a eternidade.

LEI DE AMRA

"Lei de AMRA : É a lei da fraternidade humana, uma lei moral do Antigo Egipto. Quando uma pessoa recebia algo da vida ou conquistava algo que o fizesse feliz, esta se sentia no dever de oferecer uma felicidade ao seu próximo, como um agradecimento à vida. Esta felicidade oferecida poderia ser até um sorriso, uma palavra de conforto e amor."

O PAI NOSSO EM ARAMAICO


Abwun d’bwashmaya
Nethqadash shmakh
Teytey malkuthakh
Nehwey tzevyanach aykanna d’bwashmaya aph b’arha.
Hawvlan lachma d’sunqanan yaomana.
Washboqlan khaubayn (wakhtahayn) aykana daph khnan shbwoqan l’khayyabayn.
Wela tahlan I’nesyuna
Ela patzan min bisha.
Metol dilakhie malkutha wahayla wateshbukhta
l’ahlam almin.
Ameyn

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PAI NOSSO

(Uma Possível Tradução do Aramaico)

Ó Força Procriadora! Pai-Mãe dos Cosmos,
Focaliza Tua Luz dentro de nós, tornando-a útil.
Creia Teu reino de Unidade, agora
O Teu desejo Uno atue então com o nosso, assim como em toda luz e em todas as formas.
Dá-nos todos os dias o que necessitamos em pão e entendimento.
Desfaz os laços dos erros que nos prendem, assim como nós soltamos as amarras com que aprisionamos a culpa dos nossos irmãos.
Não permitas que as coisas superficiais nos iludam
Mas liberta-nos de tudo o que nos detém.
De ti nasce toda vontade reinante,
o poder e a força viva da ação,
A canção que se renova de idade
a idade e a tudo embeleza.
Verdadeiramente - poder a esta declaração -
Que possa ser o solo do qual cresçam
todas as minhas ações:
Amém
fonte: blog A Cruz e a Rosa de Jonas R. Sanches - in http://acruzearosa.blogspot.com.br/2010/10/zoroastro-ou-zaratrusta.html


Zoroastro ou Zaratrusta


 

Nascimento de Zaratustra

Há muito tempo, nas estepes a perder de vista da Asia Central perto do Mar de Aral, havia uma pequena vila de casas de adobe, onde vivia a família Spitama. Um dia, no sexto dia da primavera, um menino nasceu naquela família. A sua mãe e seu pai decidiram dar-lhe o nome de Zaratustra. Ao nascer, Zaratustra não chorou, pelo contrário, riu sonoramente. As parteiras, vendo aquilo, admiraram-se, pois nunca tinham visto um bebê rir ao nascer.
Na vila havia um sacerdote que percebeu que aquele menino viria a ser um revolucionário do pensamento humano e o que enfraqueceria o poder dos "donos" das religiões. Ele então decidiu tomar providências e procurou Pourushaspa, o pai de Zaratustra, com a seguinte conversa: "Pourushaspa Spitama, vim avisar-lhe. Seu filho é um mau sinal para a nossa vila porque riu ao nascer, ele tem um demônio. Mate-o ou os deuses destruirão seus cavalos e plantações. Onde já se viu rir ao nascer nesse mundo triste e escuro! Os deuses estão furiosos!".
Pourushaspa não queria ferir seu filho, mas o sacerdote insistiu e impôs uma prova.
Na manhã seguinte Pourushaspa fez uma grande fogueira, e à frente de todos colocou Zaratustra no meio do fogo, mas ele não sofreu dano algum. O sacerdote ficou confuso.
Zaratustra foi levado então para um vale estreito e colocado no caminho de uma boiada de mil cabeças de gado, para ser pisoteado. O primeiro boi da boiada percebeu o menino e ficou parado sobre ele, protegendo-o, enquanto o resto passava ao lado e o bebê não sofreu um só arranhão. O sacerdote logo arquitetou outro plano. O menino Zaratustra foi colocado na toca de uma loba que, ao invés de devorá-lo, cuidou dele até que Dugdav, sua mãe, viesse buscá-lo. Diante de tantos prodígios o sacerdote ficou envergonhado e mudou-se da vila.
Ao crescer, Zaratustra peramburalava pelas estepes indagando-se: "Quem fez o sol e as estrelas do céu? Quem criou as águas e as plantas? E quem faz a lua crescer e minguar? Quem implantou nas pessoas a sua natural bondade e justiça?".
Um dia Zaratustra estava meditando às margens de um rio quando um ser estranho lhe apareceu. Ele era indescritível, tal a sua beleza e brilho. Zaratustra perguntou-lhe quem era ele, ao que teve como resposta: "Sou Vohu Mano, a Boa Mente. Vim lhe buscar". E tomou-lhe a mão, e o levou para um lugar muito bonito, onde sete outros seres os esperavam.
A Boa Mente disse-lhe então: "Zaratustra, se você quiser pode encontrar em você mesmo todas as respostas que tanto busca, e também questões mais interessantes ainda. Ahura Mazda, Deus que tudo cria e sustenta, assim escolheu partilhar a sua divindade com os seres que cria. Agora, sabendo disso, você pode anunciar essa mensagem libertadora a todas as pessoas.”
Zaratustra contestou: "Por que eu? Não sou poderoso e nem tenho recursos!". Os outros seres responderam em coro: "Você tem tudo o que precisa, o que todos igualmente têm: Bons pensamentos, boas palavras e boas ações".
Zaratustra voltou para casa e contou a todos o que lhe acontecera. A sua família aceitou o que ele havia descoberto, mas os sacerdotes o rejeitaram. Eles argumentaram: "Se é assim nada há de especial em nosso serviço, nada valem nossos sacrifícios e perderemos o poder que nos dão os deuses ciumentos e caprichos que servimos. Estamos sem trabalho e passaremos fome!". Decidiram, então, dar cabo da vida de Zaratustra.
Com sua boa mente ele entendeu que tinha que sair dali por uns tempos. Chamou seus vinte e dois companheiros e companheiras de primeira hora e fugiram com tudo o que tinham. Eles viajaram durante várias semanas até chegarem a um lugar cujo governante chamava-se Vishtaspa. Zaratustra procurou Vishtaspa e partilhou com ela a sua descoberta.
Vishtaspa respondeu ao seu apelo com uma recusa: "Por que haveria de crer nesse estranho? Meus deuses são, com certeza, mais poderosos que esse Ahura Mazda!".
Após dois anos tentando convencer Vistaspa, e enfrentando a mais cruel oposição, passando, inclusive, um tempo preso, um acidente com o cavalo de Vishtaspa ajudou a resolver a favor de Zaratustra esse impasse. À beira de morte, o cavalo tornou-se o pivot de todas as atenções. Vistaspa chamou sacerdotes, feiticeiros, médicos e sábios para salvar o seu cavalo. Juntos eles tentaram de tudo, inclusive oferecendo aos deuses dezenas de sacrifícios de outros cavalos. Além disso, brigaram entre si, fizeram intrigas, mas nada aconteceu, o cavalo de Vishtaspa só piorava. Zaratustra, que fora criado num ambiente rural, logo percebeu que ele fora envenenado. Procurando Vishtaspa ele sugeriu um remédio muito usado nesses casos em sua terra. Sem alternativas, embora descrente, Vishtaspa aceitou a idéia de Zaratustra e em dois dias seu cavalo estava de pé, sem sinal do doença.
Todos ficaram pasmos e acharam que Zaratustra tinha operado um milagre. Ele respondeu que havia apenas usado a sua boa mente e os conhecimentos que tinha adquirido em casa. Vishtaspa e sua família ficaram encantados com a honestidade e simplicidade de Zaratustra, e dispuseram-se a ouvi-lo de novo, dessa vez com coração e mentes desarmados. Em pouco tempo não só Vishtaspa e sua família haviam sidos iniciados, como também grande parte de seu povo.
Embora Zaratustra pudesse ter usado a ocasião da cura do cavalo de Vishtaspa para arrogar-se poderes sobrenaturais ele preferiu ser sincero, e foi isso o que de fato mostrou a Vishtaspa a sublime beleza e profundidade da mensagem.

 

Vida de Zaratustra

Zaratustra, nascido de uma virgem, deu uma grande gargalhada ao nascer. A natureza inteira se regozijou com a sua vinda ao mundo. Desde tenra idade, ele possuía uma sabedoria extraordinária, manifestada em sua conversação e em sua maneira de ser. Aos sete anos já teria começado a cultivar o silêncio. A sua vida foi salva muitas vezes dos inimigos que queriam martirizá-lo a fim de que não chegasse à maturidade e cumprisse a sua missão divina. Aos quinze anos de idade Zaratustra realizou valiosas obras religiosas e chegou a ser conhecido por sua grande bondade para com os pobres, anciãos, enfermos e animais.
Dos 20 aos 30 anos, segundo narrativas que chegaram a nós, Zaratustra viveu quase sempre isolado, habitando no alto de uma montanha, em cavernas sagradas. Não ingeria nenhum alimento de origem animal. Em outros relatos, teria ido ao deserto, onde fora tentado pelo diabo, mas não sucumbiu à tentação, de modo semelhante a Jesus nos quarenta dias de provação no deserto. Após sete anos de solidão completa, regressou ao seu povo, e com a idade de trinta anos recebeu a revelação divina por meio de sete visões ou idéias.
Assim começou Zaratustra a sua missão aos trinta anos (a mesma idade em que o Zaratustra de Nietzche iniciou a dele). Segundo os Masdeístas ele encontrou muita dificuldade para converter as pessoas à sua nova religião. Em dez anos de pregação teve somente um crente: o seu primo. Durante este período, o chamado de Zaratustra foi como uma voz no deserto. Ninguém o escutava. Ninguém o entendia.
Foi perseguido e hostilizado pelos sacerdotes e por toda a sorte de inimigos ao longo de dez anos. Os príncipes recusaram dar-lhe apoio e proteção e encarceraram-no porque a sua nova mensagem ameaçava a tradição e causava confusão nas mentes de seus súbditos. Com 40 anos, realizou milagres e preocupava-se com a instrução do povo. Converteu o rei Vishtaspa, que se tornou um fervoroso seguidor da religião por ele pregada, iniciando a verdadeira difusão dos ensinamentos de Zaratustra e de uma grande reforma religiosa.
Logo em seguida, a corte real seguiu os passos do rei e, mais tarde, o Masdeísmo chegou a ser a religião oficial da Pérsia. No império dos reis Sassânidas, principalmente no de Ardashir (227 a.C.), o chefe religioso era a segunda pessoa no Estado depois do imperador soberano, e este, inteiramente de acordo com o antigo costume, era admitido como divino ou semidivino, vivendo em particular intimidade com Ormuzd.
Aos 77 anos de idade ele teria morrido assassinado enquanto rezava no templo, diante do fogo sagrado. Segundo alguns relatos, o seu túmulo estaria em Persépolis.


 

Cosmogonia

Na doutrina zaratustriana, antes de o mundo existir, reinavam dois espíritos ou princípios antagônicos: os espíritos do Bem (Ahura Mazda, Spenta Mainyu, ou Ormuz) e do Mal (Angra Mainyu ou Arimã). Divindades menores, gênios e espíritos ajudavam Ormuz a governar o mundo e a combater Arimã e a legião do mal. Entre as divindades auxiliares, como consta no Avesta a mais importante era Mithra, um deus benéfico que exercia funções de juiz das almas. No final do século III d.C, a religião de Mithra fundiu-se com cultos solares de procedência oriental, configurando-se no culto do Sol.
Arimã é representado como uma serpente. Criador de tudo que há de ruim (crime, mentira, dor, secas, trevas, doenças, pecados, entre outros), ele é o espírito hostil, destruidor, que vive no deserto entre sombras eternas. Ormuzd, no entanto, é o Criador original, organizador do mundo de modo perfeito.
Ahura Mazda é representado também como o divino Lavrador, o que mostra o enraizamento do culto na civilização agrícola, na qual o cultivo da terra era um dever sagrado. No plano cosmológico, contudo, ele é o criador do universo e da raça humana, com poderes para sustentar e prover todos os seres, na luz e na glória supremas.
Bem e Mal não são apenas valores morais reguladores da vida cotidiana dos humanos, mas são transfigurados em princípios cósmicos, em perpétua discórdia. A luta entre Bem e Mal origina todas as alternativas da vida do universo e da humanidade. A vitória definitiva de Ormuzde sobre Arimã só poderia ocorrer se Zaratustra conseguisse formar uma legião de seguidores e servidores, forte o bastante para vencer o Espírito Hostil, e expurgar o Mal do universo. Nesse sentido, Bem e Mal são princípios criadores e estruturadores do universo, que podem ser observados na natureza e encontram-se presentes na alma humana. A vida humana é uma luta incessante para atingir a bondade e a pureza, para vencer Angra Mainyu e toda a sua legião de demônios cuja vontade é destruir o mundo criado por Ahura Mazda.
A doutrina de Zaratustra é escatológica. De acordo com os seus preceitos, o mundo duraria doze mil anos. No fim de nove mil anos, ocorreria a segunda vinda de Zaratustra como um sinal e uma promessa de redenção final dos bons. Isso seria seguido do nascimento miraculoso do Saoshyant, equivalente ao Messias hebreu, cuja missão seria aperfeiçoar os bons para o fim do mundo, da história humana, enfim, para a vitória do Bem sobre as forças do Mal. A cada mil anos viria um profeta/messias (Saoshyant).
Assim, nos últimos três milênios, três Saoshyant preparariam a completude do grande ano cósmico. É neste sentido que Nietzsche menciona Zaratustra como aquele que compreendeu a História em toda a sua completude. Cada série de desenvolvimento da História seria presidida por um profeta, que teria seu hazar, seu reino de mil anos. O Zaratustra histórico, no entanto, anuncia a chegada do tempo em que surgirá da raça persa o Shah Bahram, o Senhor Prometido, o Salvador do Mundo, o Grande Mensageiro da Paz.
No final dos tempos haveria o julgamento derradeiro de todas as almas e a ressurreição dos mortos. Não fica claro se o inferno tem duração eterna, se os maus se agitarão eternamente "nas trevas". Nos Gathas, cantos de Zaratustra, consta também que o mal poderia ser banido para sempre do universo, com o nascimento de um novo mundo, física e espiritualmente perfeito, aqui na Terra. Não seria possível, assim, a coexistência de um mundo físico degradado e um mundo hiperfísico perfeito.
Os gregos enfatizaram, no profeta persa, mais a astrologia e a cosmologia do que o dualismo moral. Para eles, Zoroastro é um ser mítico, um astrólogo, legendário fundador da seita dos magos. Os aspectos cosmológicos, soteriológicos (relativos à parte da Teologia que trata da salvação do homem), teológicos e morais do Masdeísmo estavam contidos nos Pahlavi (principalmente no Denkard), livros baseados no Avesta. Mas esses textos estão perdidos.


 

Moral

O dualismo cósmico e teogônico do Masdeísmo está intimamente relacionado ao dualismo moral. Zaratustra, com a sua mensagem divina, provocou uma verdadeira transformação no modo de pensar da sua civilização, contrariando o tradicional pensamento dos sábios de sua época. Sua mensagem baseava-se nos Gathas, cantos entoados com o objetivo de serem um guia para a humanidade – continham o triplo princípio de boa mente, boas palavras e boas ações. O Bem e o Mal, para Zaratustra, manifestam-se também na alma humana, e a única forma de poder organizar o mundo e a sociedade é estando o Bem acima do Mal. Este não traz contribuição alguma para a construção de uma vida boa, já que impossibilita uma relação equilibrada entre ser humano, sociedade e natureza.
Zaratustra propõe que o homem encontre o seu lugar no planeta de forma harmoniosa, buscando o equilíbrio com o meio (natural e social), respeitando e protegendo terra, água, ar, fogo e a comunidade. O cultivo de mente, palavras e ações boas é de livre escolha: o indivíduo deve decidir perante as circunstâncias que se apresentam em determinado fato. A boa deliberação, ou seja, uma boa reflexão a respeito de cada ação faz surgir uma responsabilidade social para colaborar com o projeto que Deus propôs ao mundo. Os seres humanos, portanto, possuem livre-arbítrio e são livres para pecar ou para praticar boas ações. Mas serão recompensados ou punidos na vida futura conforme a sua conduta.
Os principais mandamentos são: falar a verdade, cumprir com o prometido e não contrair dívidas. O homem deve tratar o outro da mesma forma que deseja ser tratado. Por isso, a regra de ouro do Masdeísmo é: "Age como gostarias que agissem contigo".
Entre as condutas proibidas destacavam-se a gula, o orgulho, a indolência, a cobiça, a ira, a luxúria, o adultério, o aborto, a calúnia e a dissipação. Cobrar juros a um integrante da religião era considerado o pior dos pecados. Reprovava-se duramente o acúmulo de riquezas.
As virtudes como justiça, retidão, cooperação, verdade e bondade, surgem com o princípio organizador de Deus Ascha, que só se pode manifestar com o esforço individual de cultivar a Tríplice Bondade. Esta prática do Bem leva ao bem-estar individual e, conseqüentemente, coletivo. A comunidade somente pode surgir quando o indivíduo se vê como autônomo, e desse modo pode descobrir o outro como pessoa. O ego é valorizado como fonte para o reconhecimento do próximo. Cultivado de forma sadia, o ego torna-se forte e poderoso para o homem observar a si próprio como membro da comunidade e capaz de contribuir para o bom relacionamento harmonioso com os outros seres.
Por isso, eram incentivadas as virtudes econômicas e políticas, entre elas a diligência, o respeito aos contratos, a obediência aos governantes, a procriação de uma prole numerosa e o cultivo da terra, como está expresso na frase: "Aquele que semeia o grão, semeia santidade". Havia também outras virtudes ou recomendações de Ahura Mazda: os homens devem ser fiéis, amar e auxiliar uns aos outros, amparar o pobre e ser hospitaleiros.
A doutrina original de Zaratustra opunha-se ao ascetismo. Era proibido infligir sofrimento a si, jejuar e mesmo suportar dores excessivas, visto o fato de essas práticas prejudicarem a alma e o corpo, e impedirem os seres humanos de exercerem os deveres de cultivar a terra e de procriar. Essas prescrições fomentavam a temperança e não a abstinência. Assim, as exortações e interdições destinavam-se a proporcionar aos homens uma boa conduta, além de reprimir os maus impulsos.

 

Doutrina religiosa

As revelações e profecias de Zaratustra estão contidas nos Gathas, cinco hinos que formam a mais antiga parte do livro do Masdeísmo, o Avesta. OsGathas datam do final do segundo milênio a.C. Foram escritos numa língua do nordeste do Irã, aparentada ao sânscrito, o avestan gático. Originalmente, esses hinos eram transmitidos oralmente. Grande parte do Avesta original foi destruída, com a invasão de Alexandre Magno e com o domínio posterior do Islamismo. As escrituras sagradas do Masdeísmo, o Avesta ou Zend-Avesta, como se tornaram mais conhecidas no ocidente, significam "comentário sobre o conhecimento".
O Zoroastrismo é uma das religiões mais antigas e de mais longa duração da humanidade. Seu monoteísmo influenciou as doutrinas judaica, cristãs e Islâmicas Após o domínio Islâmico do Irã, o Masdeísmo passou a ser religião de uma minoria, que passou a ser perseguida pela nova religião hegemônica. Por isso, parte dos seguidores remanescentes migrou para o noroeste da Índia, onde foi estabelecida a comunidade Parsi. No Irã, permanece ainda a comunidade Zardushti. Atualmente, o número total de seguidores do Masdeísmo (Zoroastrismo) não chega a 120 mil, distribuídos em pequenas comunidades rurais. Por ser uma religião étnica, o Masdeísmo geralmente não permite a adesão de convertidos. Na atualidade há uma maior flexibilidade, devido à migração, à secularização e aos casamentos realizados entre etnias distintas.
Como já mencionado, a base da doutrina de Zaratustra é o dualismo Bem-Mal. O cerne da religião consiste em evitar o mal por intermédio de uma distinção rigorosa entre Bem e Mal. Além disso, é necessário cultivar a sabedoria e a virtude, por meio de sete ideais, personificados em sete espíritos, os Imortais Sagrados: o próprio Ahura Mazda, concebido como criador e espírito santo; Vohu Mano, o Espírito do Bem; Asa Vahista, que simboliza a Retidão Suprema; Khsathra Varya o Espírito do Governo Ideal; Spenta Armaiti, a Piedade Sagrada;Haurvatãt, a Perfeição; e Ameretãt, a Imortalidade. Estes deuses enfrentam constantemente as forças do Mal, os maus pensamentos, a mentira, a rebelião, a doença e a morte. O príncipe destas forças é Angra Mainyu, o Espírito Hostil, também conhecido como Arimã.
A adoração a Ahura Mazda ou Ormuz pode também ser chamada Mazdayasna (Adoração ao Sábio). O culto não requeria templos, pois Deus era representado pelo fogo, considerado sagrado e símbolo de pureza. A chama era mantida constantemente em altares, erguidos geralmente em lugares elevados das montanhas, onde se faziam oferendas. Os magos, detentores de segredos e de verdades reveladas, dirigiam os ritos e os cultos– são referidos na Bíblia, no Novo Testamento. O rei da Pérsia teria enviado a Israel sacerdotes do Zoroastrismo, que seguiram uma estrela até Belém, no intuito de encontrar o Salvador, ou Messias.
Zaratustra transmitira, aos magos e adeptos, os segredos e a verdade suprema que lhe foram revelados por Ahura Mazda por meio de um anjo chamado Vohu Manõ. Assim como o Cristianismo, o judaísmo e o islamismo, também no zoroastrismo a revelação divina é elemento essencial.
A religião Masdeísta diferencia-se das existentes até então não só pelo dualismo Bem–Mal, mas também pelo caráter escatológico. Entre os seus dogmas, estão a vinda do Messias, a ressurreição dos mortos, o julgamento final e a translação dos bons para o paraíso eterno. Inclui também a doutrina da imortalidade da alma e o seu julgamento.
Conforme os seus méritos ou pecados, elas iriam para o mundo dos justos (paraíso), para a mansão dos pesos iguais (purgatório) ou para a escuridão eterna (inferno). Não sepultavam, incineravam ou jogavam os mortos em rios, mas ficavam expostos em altas torres a céu aberto. Os corpos dos justos, salvos da destruição, secariam; já os dos injustos seriam devorados pelas aves de rapina. Desse modo, Zaratustra pode ser visto como um dos primeiros teólogos da história por ter erigido um sistema de fé religiosa desenvolvido e estruturado.
Enquanto religião ética, o Masdeísmo possuía a missão de purificar os costumes tradicionais de seu povo a fim de erradicar o politeísmo, o sacrifício de animais e a magia. Com isso, o culto poderia atingir uma dimensão ético-espiritual elevada. Zaratustra pregava que o esforço e o trabalho eram atos santos. Eis algumas frases ou ditos a ele atribuídos:
  • "O que vale mais num trabalho é a dedicação do trabalhador".
  • "O que lavra a terra com dedicação tem mais mérito religioso do que poderia obter com mil orações sem nada fazer".
  • "Aquele que diz uma palavra injusta pode enganar o seu semelhante, mas não enganará a Deus."
  • "Deus está sempre à tua porta, na pessoa dos teus irmãos de todo o mundo."
  • "O que semeia milho, semeia a religião. Não trabalhar é um pecado."


Hermes - O Trimegisto

Todos os preceitos fundamentais básicos introduzidos nos ensinos esotéricos de cada raça foram formulados por Hermes. Mesmo os mais antigos preceitos da Índia tiveram indubitavelmente a sua fonte nos Preceitos Herméticos originais.
Nenhum fragmento dos conhecimentos ocultos possuídos pelo mundo foi tão zelosamente guardado como os fragmentos dos Preceitos Herméticos, que chegaram até nós, através dos séculos passados desde o tempo de seu grande estabelecedor, Hermes, o Trimegisto, o Mensageiro dos Deuses, que viveu no antigo Egipto, quando a actual raça humana estava em sua infância, isto é, mais ou menos 2.700 a.C., segundo alguns historiadores.
A palavra "conhecimento" corresponde exactamente à palavra grega "Gnosis", que os iniciados criaram, para não atribuir a si o maior atributo da Divindade, que é a Ciência.
"O Homem nada sabe, mas é chamado a tudo conhecer."
Hermes foi e é o Grande Sol Central do Ocultismo, cujos raios tem iluminado todos os ensinamentos que foram publicados desde o seu tempo.
Do antigo Egipto vieram preceitos fundamentais esotéricos ocultos, que influenciaram todas as raças, nações e povos. O Egipto foi a pátria da Sabedoria Secreta, dos ensinamentos místicos e dele, todas as nações receberam a Doutrina Secreta.
Todos os preceitos fundamentais básicos introduzidos nos ensinos esotéricos de cada raça foram formulados por Hermes. Mesmo os mais antigos preceitos da Índia tiveram indubitavelmente a sua fonte nos Preceitos Herméticos originais.
De todos os lados do mundo antigo vinham os Mestres para se prostarem aos pés do Mestre maior. E ali obtiveram a Chave-Mestra que explicava e reconciliava seus diferentes pontos de vista e assim foi consolidada a Doutrina Secreta.
Todos consideravam Hermes, o Mestre dos Mestres.
Os estudantes de religiões comparadas compreenderão facilmente a influência dos Preceitos Herméticos em qualquer religião, quer seja uma religião morta, quer seja uma cheia de vida, como as dos nossos próprios tempos.
A obra de Hermes foi feita para implantar a grande Verdade-Semente e dissiminou-se rapidamente. Todavia as verdades originais ensinadas por ele foram conservadas intactas em sua pureza original, por pequeno número de homens e tem sido transmitida entre esses poucos, dos lábios aos ouvidos.
Sempre existiram alguns Iniciados que conservaram viva a chama sagrada dos Princípios Herméticos, e cuidando do Altar da Verdade, procuraram manter sempre acesa a lâmpada Perpétua da Sabedoria.
Ó, não deixeis apagar a chama mantida de século em século, nesta caverna obscura, neste Templo Sagrado!
Sustentada por puros Ministros do Amor!
Não deixeis jamais apagar esta Divina Chama!
Nunca procuraram grande número de seguidores, nem se preocuparam com a parovação popular, indiferentes porque sabem que poucos em cada geração estão preparados para a verdade e a reconhecerão quando ela lhes for apresentada.
Reservam a carne para os homens feitos, enquanto outros dão leite às crianças. Em qualeur lugar que se ache vestígios do Mestre, os ouvidos dos que estiverem preparados para ouvir os seus ensinamentos se abrirão completamente. E quando os ouvidos estão preparados para ouvir, então vêm os lábios para enchê-los com Sabedoria. No mais, os lábios estarão fechados, exceto para os ouvidos do Entendimento.
Mas não se pode obrigar uma raça mediana a admitir a verdade, reservada aos mais adiantados no caminho; o espírito da perseguição ainda não desapareceu da terra.
Se certos Preceitos herméticos fossem divulgados, seus propagadores seriam odiados e perseguidos pela multidão, aos gritos de: "Matai-os, Crucificai-os!".
CAIBALION significa tradição ou preceitos manifestados por um Ente de cima. No Egipto funcionava a maior Loja dos Místicos. Por suas portas passaram Neófitos, que mais tarde, como Hierofantes, Adeptos e Mestres saíram para todas as partes do mundo, levando e transmitindo aos que mereciam os preciosos ensinamentos que receberam.
Iniciaremos com alguns dos preceitos de Hermes, ou melhor, os 7 principais que compõe o Princípio da Verdade.
Sobre o Princípio da Verdade diremos que: aqueles que o conhecem perfeitamente, possuem a Chave Mágica com a qual todas as portas do Templo podem ser abertas completamente.

1. O Princípio do Mentalismo;
2. O Princípio da Correspondência;
3. O Princípio da Vibração;
4. O Princípio da Polaridade;
5. O Princípio do Ritmo;
6. O Princípio da Causa e Efeito;
7. O Princípio do Gênero.

1. O Princípio do Mentalismo

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Sob as aparências de Universo, de Tempo, de Espaço e de Mobilidade está sempre encoberta a Realidade Substancial - a Verdade Fundamental.
A substância é aquiloque se oculta debaixo de todas as manifestações exteriores, a essência, a realidade essencial, é coisa em si mesma, etc...
Substancial é aquilo que existe actualmente, que é o elemento essencial, que é real, etc... A realidade é o estado real, verdadeiro, permanente, duradouro actual de um Ente.
O Todo é mental e o Universo é Mental.
Aquele que compreender a Verdade da Natureza Mental do Universo estará avançado no Caminho do Domínio. Todo o Universo é Mental e quando o Homem dominar sua própria Mente, a colocará em sintonia com a Mente Universal e terá o domínio da Verdade.
O Todo é Espírito, é incognoscível e indefinível em si mesmo, mas considerado como uma Mente Vivente Infinita e Universal. Todo o Universo é simplesmente uma Criação Mental do Todo, sujeito às Leis das Coisas Criadas, e tem sua exiostência na Mente do Todo, em cuja Mente vivemos e temos nossa existência.

2. O Princípio da Correspondência

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O que está em cima é como o que está em baixo, e o que está em baixo é como o que está em cima. este é o Princípio da Correspondência e nele fica estabelecido que no Microcosmo assim como no Macrocosmo, tudo segue o seu destino e o nosso corpo é apenas um reflexo das manifestações do Universo, como provam os átomos, que no Micro como no Macro. reagem de uma única forma.
As reacções astrais são as mesmas de nosso corpo interior - mesmos átomos, mesmos movimentos.
Este princípio contém a Verdade, que existe uma correspondência entre as leis e os fenómenos dos diversos planos da Existência e da Vida. Este Princípio é de aplicação e manifestação Universal nos diversos planos do Universo material mental e espiritual: É uma Lei Universal.
O Princípio de Correspondência habilita o Homem a raciocinar inteligentemente do Conhecido ao Desconhecido. Estudando a monada, ele chega ao arcanjo.

3. O Princípio da Vibração

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Nada está parado, tudo se move, tudo vibra. Aquele que compreende o Princípio da Vibração, alcançou o Ceptro do Poder.
O dia que o Homem conseguir dominar as 7 escalas da Vibração, elevar-se-á às vibrações mais subtis, ele receberá do Universo tudo o que necessita, basta dizer-se que até agora, estamos na 3ª escala, isto é, nas mais materiais vibrações conhecidas.
Para destruir uma desagradável ordem de Vibração Mental, ponde movimento o Princípio da Polaridade e concentrando-vos sobre o polo oposto que desejais suprimir, destruí o desagradável, mudando sua polaridade.
Compreendamos: desde o átomo e a molécula, até os mundos e Universos, tudo está em movimento vibratório. isto é Verdade nos planos de energia e força (que também variam em graus de vibração); nos planos mentais (cujos estados dependem das vibrações) e também nos planos espirituais.
O conhecimento deste Princípio, com as fórmulas apropriadas permite ao estudante hermetista conhecer as suas vibrações, bem como também as dos outros.
Desde o Tod que é Puro Espírito, até a forma mais grosseira da matéria, tudo está em Vibração; quanto mais elevada for a vibração, tanto mais elevada será a posição na escala...

4. O Princípio da Polaridade

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Tudo é duplo, tudo em polos, tem o seu oposto, seu par contrário, o igual e o diferente são a mesma coisa; os opostos são idênticos em natureza, só digerem em grau, os extremos se tocam, todas as verdades são meias-verdades, todos os paradoxos podem ser reconciliados. O Bem e o Mal, O frio e o Calor, a Inteligência e a Ignorância, tudo é igual. É só uma questão de graus a mais ou a menos. Tudo existe e não existe ao mesmo tempo, há dois lados de tudo, todo verso tem o seu reverso, Bem e Mal são a mesma coisa, apenas um é menos Mal e o outro é menos Bem.
O Baixo não passa de menos Alto, basta dizer que uma pessoa de determinada raça é mais baixa (pigmeus) e outras, de outras raças, tem média mais alta.
Ouvi uma vez, um imediato que voltava de uma expedição ao Polo Sul, contar que ao chegar, desceram todos do navio, encapotados, em uma temperatura abaixo de zero, enquanto os que os recebiam estavam em camisas de manga, fato explicável pois estavam saindo de uma hibernação com 40º abaixo de zero.
O conhecimento do Princípio, habilitará o discípulo a mudar a própria polaridade, e a dos outros, se ele consagrar o tempo e o estudo necessário para obter o domínio da Arte.

5. O Princípio do Ritmo

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Tudo tem fluxo e refluxo, tudo tem suas marés, tudo sobe e desce.
Tudo se manifesta por oscilações compensadas, a medida do movimento à direita é a mesma do movimento à esquerda. O Ritmo é a compensação. E se atentarmos para nossa vida, veremos que segue também um ritmo alterado com altos e baixos, de alegrias e tristezas. Fluxo e refluxo podem depender de nós, desde que dominemos nossas reacções e as elevemos. Usar Equilíbrio e Firmeza Mental. E o que devemos fazer? Controlar com força concentrada, que não haja nenhum excesso, nem de alegrias e nem de tristezas, pois o Princípio do Ritmo, fará com que esse excesso seja logo compensado por um excesso oposto.
Mediante o domínio próprio alguns evitam esta oscilação inconscientemente porém os Mestres o fazem conscientemente, mediante um grau de equilíbrio e firmeza mental, a pontos inacreditáveis.
Este Princípio e o da Polaridade forma estudados secretamente pelos Hermetistas e os métodos para impedi-los, neutralizá-los e empregá-los formam uma parte importante da Alquimia Mental do Hermetismo.

6. O Princípio da Causa e Efeito

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Toda Causa tem seu Efeito, todo Efeito tem sua Causa, tudo acontecendo de acorodo com a Grande Lei, e o acaso é simplesmente um nome dado a uma Lei não reconhecida. Há muitos planos de Causalidade, porém nada escapa à Lei.
Os Mestres elevam-se a planos superiores e dominando seu carácter, seu génio e seus Poderes e qualidades, tornam-se causadores em vez de efeitos. Empregam o Princípio ao invéz de serem dirigidos por ele. Evitando a causa, livramo-nos dos Efeitos, assim como buscando apenas os efeitos positivos, começaremos por provocar uma causa também positiva...
Dissemos anteriormente que o Acaso é simplesmente um nome dado a uma Lei não reconhecida. Um suposto agente ou modo de actividade diferente da força, lei ou propósito; a operação de actividade de tal agente - o suposto efeito deste agente - um acontecimento fortuito, uma causalidade, etc. Não. O acaso é simplesmente um modo de exprimir as causas obscuras, as causas que não podemos compreender, e se as compreendermos, veremos que são o resultado de uma cadeia de causas, criando esse efeito, o acaso.

7. O Princípio do Gênero

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O Gênero está em tudo, tudo tem seu Princípio masculino e seu Princípio feminino, o Gênero se manifestando em todos os planos. Isto é certo não só no Plano Físico, mas também nos Planos Mental e Espiritual. No Plano Físico, este Princípio se manifesta como sexo; nos Planos Mentais, toma formas superiores, mas é sempre o mesmo Princípio. Nenhuma criação, quer física, mental ou espiritual é possível sem este Princípio. A compreensão de suas leis poderá esclarecer a solução de muitos mistérios da Vida. O Princípio do Gênero opera sempre na direção da geração, regeneração e criação. Geração no Plano Físico, regeneração no Plano Mental e criação no Plano Espiritual.
Todas as coisas masculinas tem também o lado feminino. Se compreenderes que a geração de uma ideia é a formação do gérmen dessa ideia, que a regeneração é o aperfeiçoamento dessa ideia, e a Criação é a realização completa da ideia, podereis estudar e compreender este Princípio Hermético.
Nós vos advertimos que este Princípio não tem relação alguma com as teorias e práticas luxuriosas, perniciosas e degradantes que usam títulos empolgantes e fantásticos. tais teorias tendem a arruinar a mente, o corpo e a alma. Para aquele que é puro, todas as coisas são puras; para os vis, todas as coisas são vis e baixas.
Aqui chamamos a vossa atenção para o fato que o Gênero no seu sentido hermético e o sexo no uso aceito do termo, não são a mesma coisa.
A palavra Gênero é derivada da raiz latina que significa gerar, procriar, produzir, com um significado mais extenso que o termo Sexo, que se refere às distinções físicas entre as coisas vigentes, machos e fêmeas. O Sexo é simplesmente uma manifestação do Gênero em certo plano do Grande Plano Físico, o Plano da Vida Orgânica.
Concluindo, diremos que a Mente, tão bem como os metais e os elementos, pode ser transmutada de estado em estado, de grau em grau, de condição em condição, de polo em polo, de vibração em vibração.
A Verdadeira transmutação hermética é uma Arte Mental e devemos estudá-la.

terça-feira, 18 de dezembro de 2012



Oração: Batalha dos Santos

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Deus Pai, Deus Filho, Deus Espírito Santo Dia após Dia,estou a travar uma batalha.
Em um campo desconhecido, sinto os ataques, Mas não posso ver…
Meu corpo esta cansado e desacreditado e em ti busco forças…
Peço Jesus que o sangue que de ti foi derramado, corra em minhas veias nesse momento e me revigore para a luta limpando e cicatrizando minhas feridas e colocando em fuga o inimigo que um dia fez de mim o seu refém, que a luz que vem do espírito santo cegue cada Demônio que ouse para mim olhar os deixando perdidos e sofrendo em seu próprio mal caindo em suas próprias armadilhas.
Que sua Cruz marque em meu peito a vitória e meu coração sinta a sua presença a cada batida, ao meu lado direito clamo pela presença de São Miguel Arcanjo e sua milícia caçando cada entidade que se aproxima de mim ou aqueles que amo, e anulando todo tipo de trabalho, bruxaria ou orações em centros espíritas e Umbanda que foram feitas a favor ou contra mim, ao meu lado esquerdo peço a presença de São Bento intercedendo por esse momento e invalidando as ciladas que o demônio coloca em nossos caminhos ou que um dia foi colocado e por inocência fui pego, acima de mim oro pela presença de minha mãe Nossa senhora a Virgem Maria que me cobre em seu manto e me protege de cada intuito maligno de cada tentativa de violência física ou espiritual a qual o antigo inimigo vem tramando contra mim, minha alma pede que toda serpente maligna que rasteja a espera do momento do ataque sinta a dor do esmagamento para que nunca esqueça de quem eu sou filho e o que está por vir como retaliação ao que me foi feito, convoco todos os anjos e Santos que fiquem atrás de mim com suas espadas fundidas em oração e unção a espera da batalha. Pai amado , Pai querido que minha oração caia como um bombardeio no campo que agora estou e que apenas os seus filhos queridos fiquem de pé perseverando até o momento de sua chegada.

A Verdadeira Humildade
Ensinamentos ditados pelo amigo espiritual Tião:
Os Mestres orientadores desta casa me incumbiram de falar sobre a diferença entre humildade e humilhação.
Humildade é filha da Consciência. É a postura de reconhecimento da Força Maior. É a aceitação, a entrega do direcionamento de nossa vida nas mãos do Plano Superior. É a postura do Eu Superior. Humilhação é filha do ego, do orgulho. Muitos confundem ser humilde com humilhar-se. Humilhar-se ninguém quer. É uma coisa ruim, que nos põe para baixo, nos anula, diz que não somos nada, acaba com nossa auto-estima.
Muitas vezes nós criamos, por nosso orgulho, máscaras formadas por nossas “verdades” e pelas crenças que foram colocadas em nossas cabeças, e acreditamos nelas, acreditamos que aquilo é bom. Então, não queremos abrir mão. Criamos imagens “eu sou assim”, “aquilo está certo”, “isto está errado” e vestimos essas máscaras com muita convicção. E qualquer coisa que tente arranhar nossas máscaras, nós nos ofendemos, entramos no orgulho, e dizemos “não aceito essa humilhação”.
Até que um dia a Consciência Maior brota e nos diz: “olhe como você está se apegando a bobagens, como você está preso em conceitos, como você pensa pequeno, como você está agrilhoado a essas falsas verdades, essas regras limitantes”. Aí nossa Verdade Maior vem à tona e nosso Eu Superior traz uma experiência que nos sacode de tal forma que a máscara cai. Diante disso, temos dois caminhos. Só dois: Ou entramos na humildade e dizemos para o Eu Superior -“conduz minha vida porque eu preciso aprender; assuma o comando, para que eu possa crescer”- ou entramos no ego e dizemos -“não aceito de jeito nenhum” - e não acordamos, continuaremos teimando muito tempo ainda, segurando nossas máscaras e acreditando que são a verdade. Não tem terceiro caminho, não tem mais ou menos: ou entramos na consciência ou continuamos sendo enganados pelo ego.
Quero que vocês reflitam sobre o que é ser humilde e o que é ser humilhado; o que é humildade e o que é humilhação. A humildade nos eleva, nos traz consciência. A humilhação só promove nosso ego, coloca-nos na revolta, no que há de pior em nós. Entender essa diferença vai fazer toda a diferença em cada crise de crescimento que vocês entrarem. Entrou em crise? Pare e peça, entregue: “Meu Eu Superior, estou confuso, meu ego mentiu para mim, eu acreditava em muitas coisas e estou vendo que não eram verdadeiras. Nesse momento, meu Eu Superior, Presença de Deus em mim, eu não estou em condições de analisar, minha cabeça não está bem, toma conta de mim. Pai, Deus Todo Poderoso presente em meu coração, traga-me as lições que eu preciso para acabar de entender, para me levantar e cumprir os desígnios do Pai em minha vida”. Isso é Humildade. Mas se você entrar na revolta e disser: “Como isso foi acontecer comigo? Onde estavam os mentores? Como pode? Quanto mais a gente trabalha, menos a gente tem defesa? Por que meu mentor deixou? Aí você entrou na vítima, no ego, e não aceita que as coisas são diferentes do que você pensava. Não aceita e vê a lição de crescimento como humilhação.
Deus, Pai Amoroso, jamais humilha seus filhos. Quem nos humilha é o ego, a vaidade. Vocês se lembram daquela música do coqueiro? Mais alto o coqueiro, maior é o tombo... O ego nos coloca nas alturas, cheios dos “eu sei”, “eu faço”, “eu conheço”, e ficamos críticos, fazemos julgamentos, nos tornamos “donos da verdade”. Nosso Eu Superior vai permitindo porque respeita nosso livre-arbítrio. E o ego fica no comando até o dia em que o Plano Divino da nossa vida, nossos mentores de encarnação, as equipes responsáveis por nossa experiência na Terra, dizem: “Pai, aquele nosso amigo parou de progredir, estacionou, está perdendo a encarnação. Podemos sacudir um pouco o coqueiro?” E Deus, que sabe que é para o nosso bem, permite. O resto vocês já entenderam, não é?
O melhor mesmo é entregarmos a direção de nossas vidas para o Eu Superior, e falarmos para o ego: “você é ilusão, você não existe, não acredito em você, quero que você fique quieto”. Quando vocês negam o ego e sua vaidade, entram em contato com a espiritualidade em vocês. E vocês ficam pendurados nesse ego mentiroso! A espiritualidade é tão maior que nem milhares de egos poderiam dar uma pálida idéia de sua dimensão! E vocês não deixam sua espiritualidade se manifestar porque acreditam no ego. Eu quero vocês muito atentos, mais abertos para a Presença de Deus em vocês.
Vocês fazem muitos pedidos para os mentores, mas vocês precisam mudar a forma de pedir. Vocês costumam dizer: “me ajudem aqui, na minha casa, no meu serviço”. É o ego quem quer. Cheguem aqui e entreguem. Precisa peito, para ser humilde é preciso muita coragem. Vocês precisam exercitar isso, senão vocês não crescem. Entreguem: “Meus amigos espirituais, eu sei que a Espiritualidade Maior, que a Presença Divina em mim sabe o que é melhor para mim. Então, nesse momento, estou me retirando, estou dando licença para que seja feito na minha vida segundo a vontade do Pai”. Precisa ter certeza no coração e saber confiar em Deus Pai Todo Poderoso.
E vocês não vão entregar para Tião, nem para Mãe Joaquina, Pai Tomé ou qualquer outro de nós. Aqui nós somos todos trabalhadores, obedecemos à hierarquia superior. Vocês vão entregar direto para o Pai, para a porção de Deus que está dentro de vocês: “Estou numa situação com a qual não sei lidar, não estou vendo o caminho. Deus Pai Todo Poderoso, mostra-me o que ainda não sei, mostra-me o que eu preciso saber para que eu possa me trabalhar e melhorar. E eu vou aceitar, Pai, que você me mostre, mesmo que isso signifique que eu tenha que olhar no espelho sem minhas máscaras e descobrir minha cara de tacho.” Peçam e fiquem em paz. A Presença Divina em vocês, Deus Pai, que atua através de seus mensageiros, vai permitir que nós trabalhemos a seu favor, pois vocês deram permissão. E então nós vamos com muita alegria, porque quando vocês entregam, nós sabemos que vamos fazer realmente o melhor por vocês, sob o comando das forças superiores. Sem permissão, não podemos fazer nada. O livre arbítrio é sagrado.
Ao pedir como vocês estão acostumados, nós recolhemos os pedidos e vamos solicitar autorização de nossos superiores para mexer nas situações apresentadas. Muitas vezes ouvimos: “ainda não é a hora” ou “isso não é o melhor para ele”. A gente volta frustrado porque queria fazer e não pôde, vocês ficam frustrados porque não foram atendidos. Aprendam a entrar na humildade e entregar: “Pai, estou aqui, você está vendo a minha vida. Estou no desespero porque não consigo ver a luz. Pai, aquilo que você sentir que eu estou pronto, que eu agüento, que eu posso superar, manda para mim, Pai. Porque só entendendo e percebendo é que eu posso melhorar”.
Vocês pedem muito pouco: “tirem aquela entidade da minha casa”, “ajudem fulano que está doente”. Por que vocês pedem só algumas coisinhas? Peçam muito. Peçam tudo. Peçam Consciência. Deus é generoso. Deus gosta de fartura. Deus ama vocês e quer deixar sua vida repleta de bênçãos. É o ego que diz: “se tudo você for depender e pedir para Deus, então você não é nada”. Aí entra o orgulho: “eu tenho que conseguir com esforço, com luta”. Vocês estão entendendo o estrago que o ego faz? Eu aprendi a pedir, e não quero nem saber de outra coisa. Deus é meu pai. Aprendam a falar com nosso Pai, como eu aprendi:
“Olha, Pai, dá-me o que eu preciso. Eu tenho certeza de que você sabe o que eu preciso. Sei que o que eu preciso pode não ser nada do que eu estou querendo. Eu estou de coração aberto, na confiança, porque sei que as forças de Deus em mim só querem o meu bem, e eu estou aqui pelo meu bem, pelo meu crescimento, pela minha consciência, pela minha evolução. Que se faça a vontade de Meu Pai pelo Bem Maior de tudo o que está envolvido em minha vida”.
Que Deus os abençoe. O amigo Tião. (médium Maria Lúcia Araújo)

http://www.samadhi.com.br/exibirmensagem.php?id=13
Anatta - A Doutrina do "não-eu"

 
de Walpola Rahula
do livro "Lo que el Buddha enseño"


 
O que sugerem, geralmente, as palavras Alma, Eu, e Ego, ou para empregar a palavra sânscrita Âtma, é que existe no homem uma entidade permanente, eterna e absoluta, que é uma substância imutável por trás do mundo fenomenal em mudança.
Segundo algumas religiões, cada indivíduo tem uma alma separada que é criada por Deus e que finalmente, após a morte, vive eternamente no céu ou no inferno, seu destino depende do seu Criador. Para outras, ela atravessa muitas vidas até que seja purificada completamente e se una finalmente a Deus ou Brahman, a Alma Universal de onde ela emana originalmente. Essa Alma ou Eu no homem é o que pensa os pensamentos, o que sente as sensações, o que recebe as recompensas e punições por todas as ações boas ou más.
Uma tal concepção é chamada Idéia do Eu. O Budismo se situa, único, na história do pensamento humano ao negar a existência de uma tal Alma, de um Eu ou do Atma. Segundo os ensinamentos de Budha, a idéia do Eu é uma crença falsa e imaginária, que não corresponde a nada na realidade, e ela é a causa de pensamentos perigosos de "meu" e "minha", dos desejos egoístas e insaciáveis, de apego, da raiva, da maldade, dos conceitos de orgulho, do egoísmo e outras sujeiras, impurezas e problemas. Ela é a fonte de todos os problemas do mundo, desde os conflitos pessoais até a guerra entre as nações. Em resumo, podemos atribuir a esse ponto de vista falso todo o mal do mundo.

Há duas idéias psicologicamente enraizadas no indivíduo: proteção de si e conservação de si próprio. Para proteção de si próprio, o homem criou Deus – do qual depende para sua própria salvaguarda e segurança da mesma maneira que uma criança depende de seus pais. Para a conservação de si próprio, o homem concebeu a idéia duma alma imortal, ou Atman, que viveria eternamente. Em sua ignorância, sua crença e seu desejo, o homem necessita dessas duas idéias para sua segurança e consolo; é por isso que ele aí se agarra com fanatismo e obstinação.
Os ensinamentos de Budha não contém esta ignorância, esta fraqueza, essa crença e esse desejo, mas tende ao suprimi-los, a esclarecer o homem, arrancando e destruindo a própria raiz. Segundo o Budismo, as idéias de Deus e Alma são falsas e vazias. Ainda que profundamente desenvolvidas como teorias, elas são, no mínimo, projeções mentais sutis vestidas com uma fraseologia filosófica e metafísica complicada.
Essas idéias são tão profundamente enraizadas no homem, elas lhe são tão próximas e tão caras, que ele não gosta e não quer compreender ensinamento algum que lhe seja contrário.
Budha sabia disso e dizia textualmente que seu ensinamento ia "contra a corrente", ao contrário dos desejos egoístas do homem. Quatro semanas somente após seu Despertar, sentado sobre um banyan, ele pensa: "Atingi esta verdade que é profunda, difícil de ver, difícil de compreender... compreensível somente pelos sábios... Os homens submersos pelas paixões e envenenados por uma massa de obscuridades não podem ver essa verdade, que vai contra a corrente, que é sublime, profunda, sutil e difícil de compreender". Tendo esses pensamentos, o Budha hesita por um momento, se perguntando se não seria vão tentar expor ao mundo a verdade que ele tinha percebido. Então, ele compara o mundo a um tanque de Lótus: No tanque, há os lótus que estão sob a água, há outros que estão na superfície e ainda outros que estão acima d’água e não são tocados por ela. Da mesma, maneira neste mundo, há homens de diferentes níveis de desenvolvimento. Alguns compreenderão a verdade. Budhadecide então ensinar.
A doutrina do Anatta, ou "não-eu", é o resultado natural que o corolário da análise dos cinco agregados e do ensinamento da produção condicionada. Isso que chamamos um ser, ou indivíduo, se compõe de cinco agregados e que, quando os examinamos ou analisamos, não há nada atrás deles que possamos tomar como Eu, Atman, ou Si, ou qualquer substância permanente e imutável. Este é o método analítico. O mesmo resultado é atingido pela doutrina da Produção Condicionada, que é o método sintético segundo o qual nada neste mundo é absoluto, toda coisa é condicionada, relativa e interdependente. Tal é a teoria budista da relatividade.
Antes de abordar a questão "Anatta" propriamente dita, é útil Ter uma breve idéia da produção condicionada. O princípio desta doutrina é dada por uma pequena fórmula de quatro linhas:
Quando isso é, aquilo é.
Isso aparecendo, aquilo aparece.
Quando isso não é, aquilo não é.
Isso cessando, aquilo cessa.
Sobre esses princípios de condicionamento, relatividade e interdependência, a existência inteira, a continuidade da vida e sua cessação são explicadas em uma fórmula detalhada, que é chamada de "Patika Samuppada", produção condicionada constituída em doze fatores:
1. Pela ignorância são condicionadas as ações volitivas ou formações kármicas.
2. Pelas formações kármicas é condicionada a consciência.
3. Pela consciência são condicionados os fenômenos mentais e físicos.
4. Pelos fenômenos mentais e físicos são condicionadas as seis faculdades [ quer dizer, os cinco órgãos dos sentidos e a mente ]
5. Pelas seis faculdades é condicionado o contato. [sensorial e mental]
6. Pelo contato é condicionada a sensação.
7. Pela sensação é condicionado o desejo.
8. Pelo desejo é condicionada a posse.
9. Pela posse é condicionado o processo do vir-a-ser.
10. Pelo processo do vir-a-ser é condicionado o nascimento.
11. Pelo nascimento são condicionados:
12. A decrepitude, a morte, as lamentações, as penas, etc.
É assim que a vida aparece, existe e continua. Se tomarmos esta fórmula em sentido contrário, chegamos a cessação do processo: pela cessação completa da ignorância, as ações volitivas ou, formações kármicas, cessam; pela cessação das atividades volitivas, a consciência cessa; pela cessação do nascimento, a decrepitude, a morte e as lamentações cessam. Mas devemos claramente compreender que cada um desses fatores é condicionado tanto quanto condicionante. Eles são, pois, todos relativos e interdependentes, e nada é absoluto ou independente; nenhuma causa primeira é aceita pelo Budismo, como vimos anteriormente. A produção condicionada deve ser considerada como um círculo, e não como uma cadeia.

A questão do livre-arbítrio tem ocupado um lugar importante no pensamento e na filosofia ocidental, mas, de acordo com a Produção Condicionada, esta questão não se põe, e não pode ser colocada na filosofia budista. Se a totalidade da existência é relativa, condicionada e interdependente, como somente a vontade poderia ser livre? A vontade como qualquer outro pensamento, é condicionada. A pretensa liberdade, é ela mesma uma coisa condicionada e relativa. Se há livre arbítrio, ele também é condicionado e relativo. Não pode haver o que quer que seja absolutamente livre, física ou mentalmente, posto que tudo que é interdependente é relativo. O livre-arbítrio implica uma vontade independente de condições, independente de causa e efeito. Como uma vontade, ou não importa o que, poderia aparecer sem condições, fora da causa e efeito, quando a totalidade da existência é condicionada, relativa e submetida à lei da causa e efeito? Aqui ainda, a idéia do livre-arbítrio está, na base, em relação as idéias de Deus, alma, justiça, recompensa e punição. Não somente isso que é chamado livre-arbítrio não é livre, mas a idéia mesma de livre-arbítrio não é livre de condições.
Após a doutrina da Produção Condicionada, como também da análise do ser em cinco agregados, a idéia de uma substância imortal no homem ou fora do homem (que chamamos Atman, Eu, Alma, Si, ou Ego), é considerada como uma crença falsa, uma produção mental – tal é a doutrina Budista de Anatta, Não-eu, Não-alma, Não-si.
A fim de evitar uma confusão, é preciso mencionar aqui que quando, na vida corrente, empregamos expressões tais como eu, vós, ser, indivíduo, não é dizer uma mentira pelo fato de que não há um tal "si" ou "ser", mas é dizer uma verdade conforme uma convenção do mundo. Mas a verdade filosófica é que, na realidade, não há nem "eu" nem "ser". Como o Mahayana Sutralankara diz: "Fazemos menção de uma pessoa como existindo somente enquanto designação [quer dizer que convencionalmente ele tem um ser], mas não enquanto que realidade (dravya ou substância)".
"A negação de um Atman imortal é a característica comum de todo sistema dogmático, quer seja do Pequeno ou do Grande Veículo [Hinayana ou Mahayana], e não há desde então nenhuma razão de pretender que esta tradição budista, que esta completamente de acordo sobre este ponto, haja desviado o pensamento original de Budha".
É, pois, curioso que recentemente haja sido produzida uma vã tentativa, por parte de alguns eruditos, para introduzir clandestinamente no ensinamento original de Budha a idéia do Eu, absolutamente contrária ao espírito mesmo do Budismo. Esses eruditos admiram, respeitam e veneram o Budha e seu ensinamento. Mas eles não podem imaginar que o Budha, que consideram como o pensador mais claro e profundo, pudesse Ter negado a existência de um Atman ou de um Eu, dos quais eles têm tanta necessidade. Eles procuram inconscientemente o apoio de Budha para esse desejo de existência eterna – seguramente, não num pobre e pequeno "eu" individual, com um "e" minúsculo, mas um grande "Eu", com uma maiúscula.

É melhor dizermos francamente que acreditamos em um Atman ou um Eu; ou talvez, até mesmo dizer que Budha está totalmente enganado, negando a existência deles; mas, certamente, não é bom para ninguém ensaiar introduzir no Budismo uma idéia que o Budhanão aceitou jamais, por mais longe que possamos remontar nos textos originais existentes.
As religiões que crêem em Deus ou na Alma não fazem nenhum segredo dessas idéias; muito ao contrário, elas as proclamam de uma maneira constante e repetitiva nos termos os mais eloqüentes. Se Budha louvasse outras religiões, essas duas idéias, tão importantes em todas as outras religiões, ele as teria certamente declarado publicamente, como falou de outras coisas, e não teria as escondido para que fossem descobertas somente vinte cinco séculos após sua morte.
As pessoa ficam irritadas pela idéia de que, após o ensinamento de Budha sobre Anatta, o Eu que elas imaginavam ter é destruído. O Budha não o ignorava. Uma vez, um monge lhe perguntou: - "Senhor, existe o caso onde alguém se atormente de não encontrar qualquer coisa de permanente nele?" – "Sim, monge, existe. Um homem tem a seguinte idéia: "Esse Universo é esse Atman=Brahma; após a morte, eu serei como eles, que são permanentes, que duram, que não se transformam, e existiria como tal pela eternidade". Depois, ele ouve o Tathagata ou um dos seus discípulos pregando a doutrina que conduz à destruição de toda a vida especulativa...que conduz à extinção da sede [desejo], tendendo ao desapego, à cessação, ao Nirvana. Então esse homem pensa: "Assim eu serei aniquilado, serei destruído, eu não serei mais". Então ele geme, se atormenta, se lamenta, chora e, batendo em seu peito, se torna perdido. É assim, monge, que há ocaso onde alguém se atormenta de não encontrar qualquer coisa de permanente nele". Adiante, Budha diz: "Monges, esta idéia – eu não serei mais, eu não terei mais – é espantosa para o homem comum não iniciado.

Aqueles que querem encontrar um Eu no Budismo raciocinam assim: É verdade que Budha analisa o ser na matéria, sensações, percepções, formações mentais e consciência, e declara que nenhuma dessas coisas é o Eu, mas não diz que não há um Eu no homem ou em qualquer parte além ou em torno de seus agregados".
Esta posição é insustentável, por duas razões: A primeira é que, após o ensinamento de Budha, um ser é composto por cinco agregados enada mais. Em nenhum lugar ele diz que há no ser qualquer coisa mais que esses cinco agregados. A Segunda razão é que Budha nega categoricamente, em termos claros e em mais de um lugar, a existência de um Atman, Alma, Eu ou Ego no homem ou em torno dele, ou em algum lugar do Universo.
Eis aqui alguns exemplos: No "Dhammapada", existem três versos essenciais no ensinamento de Budha. São os de número cinco, seis e sete do capítulo XX [ou os versos 277, 278, e 279]. Os dois primeiros versos dizem:
"Todas as coisas condicionadas [samskhara] são impermanentes".
"Todas as coisas condicionadas [samskhara] são dukha. (sofrimento)
O terceiro verso diz:
"Todos os dhamma são sem eu".
Aqui é preciso cuidadosamente observar que, nos dois primeiros versos, é a palavra samskhara [coisas condicionadas] que é utilizada. Mas, no mesmo lugar, no terceiro verso é a palavra dhamma que é utilizada. Porque esse terceiro verso não utiliza a palavra samskharacomo nos dois primeiros versos, e porque utiliza a palavra dhamma ? É o ponto crucial de toda questão.
O termo samskhara representa os cinco agregados, todos condicionados, interdependentes, estados e coisas relativas, ao mesmo tempo físicos e mentais. Se o terceiro verso afirmasse "todos os samskharas são sem eu", poderíamos, então, pensar que talvez as coisas condicionadas são sem eu, mas que entretanto pudesse haver um Eu fora das coisas condicionadas, em torno dos cinco agregados. Para evitar esta interpretação falsa é que justamente a palavra dhamma foi utilizada no terceiro verso.
A palavra dhamma (em Pali) e dharma (em Sânscrito), têm um sentido muito mais amplo que samskhara. Não há em toda a terminologia budista, termo mais amplo que dhamma. Ele compreende não somente as coisas ou estados condicionados, mas também o não-condicionado, o Absoluto, o Nirvana. Não há nada no Universo, ou fora, bom ou mau, condicionado ou não, relativo ou absoluto, que não esteja incluído nesse termo.
Isso significa, após o ensinamento Teravada (Hinayana), que não há Eu, nem no indivíduo , nem no dhamma. A filosofia Budista Zen (Mahayana) sustenta exatamente sobre este ponto de vista a mesma posição, sem a menor diferença, colocando o acento sobre dharma-niratnuya, bem como sobre pudgala-niratnuya. No Alagaddhûpama-sutra, do Majjhima-nikaya, se dirigindo aos discípulos, Budha diz:
"Ó Monges, aceitem uma teoria da alma [atta-vâda] que não engendra nem dor, nem lamentações, nem sofrimentos, nem aflições, nem atribulações para aqueles que a seguem. Mas conheceis, ó monges, uma tal teoria da alma que não engendre nem dor, lamentações, sofrimentos, aflições, atribulações para aqueles que a seguem?"
  • "Certamente não, senhor".

  • "Pois bem. Ó monges: eu também não conheço tal teoria da que não engendre dor, lamentações, sofrimentos, aflições, nem atribulações para aqueles que a seguem".
Se tivesse existido qualquer teoria da alma que Budha tivesse adotado, ele teria certamente aqui exposto, pois que perguntou aos monges se conheciam alguma teoria da alma que não engendrava sofrimento. Mas, segundo Budha, se há tal teoria da alma, qualquer que seja ela, tão sutil e sublime que seja, é falsa e imaginária, criando toda espécie de problemas e trazendo com ela dores, lamentações, aflições e atribulações. Continuando seu discurso, Budha diz no mesmo "suttra":
"Ó Monges, então nem o eu, nem nada que pertença ao eu, podem verdadeiramente e realmente ser encontrados. Esta via especulativa,(esse Universo é esse Atman [Alma]; após a morte, eu serei como eles, que são permanentes, que duram, que não se transformam, e eu existirei como tal pela eternidade) – não é ela totalmente e completamente insensata?"
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