domingo, 4 de janeiro de 2015

TRANSCRIÇÕES

Satsang, 22.10.14 - Alto Paraíso 2014

Temas: Fechamento da temporada / A lembrança de reconhecer e agradecer o que recebemos / A entrega ao mestre na forma do seva, do sadhana e a prática do Japa / Espiritualidade prática e sustentável / O real valor do dinheiro/ Importância do cultivo do silêncio intencional
Não estarei mais recebendo cartas. Essas são as últimas, porque estamos já na fase de fechamento e estamos fechando nossa temporada celebrando o Ano Novo Védico, celebrando o Dia das Luzes deLakshsmi e também o Mahasamadhi do meu Guru Sachcha Baba Maharaji. Amanhã que é o derradeiro dia, o dia oficial do ano novo e da passagem do Maharaji, haverá uma programação diferente:
De manhã vai ter um pequeno puja e um discurso de fechamento, e depois um dia de celebrações, músicas e festa para que possamos receber o ano novo com bastante alegria, bastante entusiasmo; renovando os votos e afirmando nosso compromisso com o caminho da autorrealização e agradecendo pela oportunidade de estarmos dentro deste barco em uma hora destas. Agradecer aoMaharaji por ter nos acolhido, por ter nos chamado e por estar nos dando tanto. Às vezes não sabemos nem por que estamos recebendo tanto. Alguns infelizmente nem sabem que estão recebendo tanto, mas o tempo trará a compreensão.
O Mestre Espiritual é um oásis no deserto, um fenômeno raro. Por alguma razão estamos tendo a chance de beber desta água. Então eu sinto que todo o dia é dia de agradecer, mas tem essas datas especiais também ao longo do ano que servem para nos relembrar a importância do valor deste caminho e de tudo o que temos recebido. Eu rezo para que você possa reconhecer realmente o valor disso que está recebendo. Que você possa se sentir merecedor e que isso possa te acalmar, fazer com que você relaxe e pare de buscar, se torne um achador ao invés de um buscador. É só quando você relaxa que pode desfrutar o que está recebendo.
Ontem eu falava a respeito do caminho da iniciação espiritual. Falava a respeito da relação guru-discípulo e do processo do despertar da consciência, e que esse processo está intimamente relacionado à dinamização dos chakras; o despertar da energia kundalínica. Mas faltou lhe dizer que você não precisa se preocupar com isso; isso é um problema meu e não é seu. Você deve se ocupar com o seva, deve se ocupar com a prática do japa. Essa é a sua prática: sevajapa... Em alguns casos eu também oriento um pranayama específico, um krya ou uma prática corporal específica; mas isso é comigo. Você não precisa se preocupar.
Eu sinto que nos dias atuais a espiritualidade precisa acontecer de forma prática. Espiritualidade prática significa você se relacionar com o outro sem se machucar. Sem se machucar e sem machucar o outro. Esse é o principal sadhana; esse é o principal desafio para o ser humano nesta fase da jornada evolutiva. É importante que a espiritualidade também seja sustentável, você precisa equilibrar a vida espiritual com a vida material. Chegou o momento de integrar espiritualidade com a vida prática, a vida material. Acabou o tempo de a espiritualidade só poder acontecer dentro de mosteiros, templos ou Ashram. Esses lugares são centros de sustentação da conexão com a Luz maior, mas a espiritualidade precisa se manifestar em todos os segmentos da sociedade, da vida humana. Espiritualidade precisa se manifestar na ciência, na saúde, na educação, na economia, na politica, nas artes, e assim sucessivamente.
Espiritualidade é quando você pode manifestar a consciência amorosa onde quer que você esteja. Não é mais o tempo para fugir para as cavernas ou montanhas; isso é injusto com a sociedade que trabalha tanto. Se você pode ser canal de luz de alguma maneira, você precisa partilhar isso. Sustentável porque você precisa também estar em harmonia com o dinheiro. Você precisa conseguir transitar do medo para a confiança para poder se libertar da ansiedade de conquistar ou virar as costas para o dinheiro. Porque a ansiedade para acumular nasce do medo, mas a reação de negar, virar as costas para o dinheiro também nasce do medo, medo de se perder no mundo material.
O dinheiro é um poder também. Se você souber usar ele vai ajudar você atravessar a sua existência terrena. Se você não souber usar ele te destrói. É um poder que precisa ser tratado da forma adequada. A forma adequada é você dar a ele o valor que ele tem e não maior do que ele tem. A gente emprega um valor emocional no dinheiro por conta das imagens que carregamos e fazemos dele algo muito diferente do que ele de fato é. Ele é só um instrumento que possibilita a troca. É uma realidade deste plano terrestre e que deve estar a serviço do seu coração. Deve estar a serviço para que suas necessidades sejam atendidas, para que você possa fazer sua caminhada com conforto e tranquilidade.
Isso acontece quando o dinheiro é uma consequência do fato de você estar colocando seus dons e talentos a serviço do amor. Aí naturalmente o dinheiro vem para que suas necessidades sejam atendidas; desde que você realmente não tenha alguma crença ou imagem que impeçam o dinheiro de circular na sua vida. Se esse é o caso você precisa passar por um processo de cura e libertação desta imagem. Mas tudo isso vem para você naturalmente; o trabalho de cura vem naturalmente se você se entrega para o seva, para seu japa, seu sadhana, até que você possa se harmonizar com a matéria também.
Posso dizer que espiritualidade significa também união; não exclui nada. Se existe separação em relação a alguma coisa, não podemos chamar de espiritualidade. Se existe alguma barreira ou julgamento, não podemos chamar de espiritualidade. Espiritualidade enxerga tudo como sagrado, porque tudo tem seu papel dentro do jogo. Existem determinadas frequências de energias que estão distorcidas, só isso. Mas se a gente simplesmente nega esta energia que está distorcida, só estamos dando mais força para esta distorção. Tudo aquilo que faz parte da vida humana é natural. Se não, não faria parte. A questão é você ter o coração puro, e um coração puro pode transitar no inferno que ele não se contamina. O Divino não se contamina. Parte desta visão da espiritualidade prática é a ideia da inclusão radical.
A sua entrega para o seva e o sadhana visa purificar seu coração, que significa, em síntese, transformar o medo e o ódio. Essa é a essência! Você está trilhando o caminho espiritual quando se compromete a realizar esta purificação. Sabemos que ela é desafiadora. Às vezes você promete para você mesmo: “Hoje não vou machucar ninguém e não vou me machucar.” E aí na primeira hora você já maltratou quem está do seu lado, já espetou. Esse é o seu principal sadhana. E até que possa realmente chegar neste estagio de purificação, você vai subir e descer muitas vezes. É natural.
Não se cobre, não se puna, não se culpe. Simplesmente respire fundo e comece de novo e de novo. Recomece a cada momento, porque os condicionamentos são muito profundos. Você é tragado por esse círculo vicioso de rejeitar, de maltratar e de se maltratar. Você faz isso às vezes de maneiras tão sutis. Às vezes você faz algumas escolhas acreditando que é para o seu bem, para o bem do outro, e quando você menos espera está lá você de novo ardendo no fogo do inferno. Isso significa que ainda tem partículas sombrias nos porões do inconsciente. A identificação destas partículas negativas é o seu material de escola. Não desanime. Não perca o entusiasmo. Não perca a fé na capacidade do ser humano de amar. É possível. É possível e se não fosse possível não estaríamos aqui fazendo tudo isso acontecer.
Eu sei que dependendo do lugar que em você se encontra parece impossível se livrar deste impulso destrutivo, mas temos várias provas de que é possível. Na hora parece impossível, mas temos muitas provas de pessoas que atravessaram esse deserto. É possível transformar o veneno em néctar. É possível iluminar a escuridão. É possível viver a espiritualidade na prática, que é, em síntese, amar uns aos outros e não machucar. Por isso tenho repetido: firmeza no amor e firmeza no perdão. Caiu levanta! Caiu levanta até que você deixe de cair. Como uma criança que esta aprendendo a andar; no início a criança cai muitas vezes. E em termos de consciência o ser humano é ainda uma criança; ele está se movendo em direção a consciência Divina, mas ainda escorrega, desequilibra e cai nesta natureza primitiva de machucar.
Vocês estão vendo que hoje não estou muito inclinado a dar discurso. Estou aqui me esforçando para falar alguma coisa. Então vou parar de falar. Vamos meditar um pouco, ficar em silêncio.
(Alguns minutos em silencio)
Eu disse a pouco que sua parte é se dedicar ao seva e a prática do japaJapa é a repetição de um nome Divino, repetição de um mantra. Mas volto a falar que também é fundamental que você dedique algum tempo para o cultivo do silêncio, de forma intencional. Com relação a isso eu faço um apelo: em nome do Sagrado, em nome do Amor, eu te peço: Por favor, dedique nem que sejam cinco minutos no seu dia para o cultivo do silêncio! Porque sem o cultivo do silêncio, não é possível subir. Sevajapa e o cultivo do silêncio. Essa é a prática espiritual que você pode fazer. Isso vai abrir caminhos dentro de você até para que o próprio autoconhecimento possa acontecer, para que as conexões entre causa e efeito possam vir para a consciência. Para que você tenha elementos, tenha condições de poder se relacionar de forma harmônica e pacifica. No mínimo para que você possa identificar suas dificuldades de relacionamentos. Porque quando você estiver sustentando seu coração aberto enquanto se relaciona com o outro, significa que você se livrou das mazelas do passado. Significa que você harmonizou a sua constelação familiar. Se você pode sustentar o coração aberto enquanto se relaciona significa que já esta vibrando em gratidão e está pronto para subir; está pronto para as outras etapas da iniciação espiritual. Está pronto para se mover em direção à consciência Crística, Búdica.
Mas para isso primeiro se faz necessário chegar nesse estágio humano de poder sustentar seu coração aberto enquanto se relaciona. Primeiro você precisa conseguir ser canal da humanidade, ser capaz de fazer empatia, ser capaz de respeitar o outro mesmo quando ele tem uma opinião diferente da sua. Deixar o outro livre até mesmo para ele não te amar. Isso é humano porque o relacionamento é humano. A base da humanidade são os relacionamentos; é o principal material de escola. É o que possibilita você a enxergar as contas abertas em relação ao passado, o que possibilita a limpar seu coração de mágoas e ressentimentos, que possibilita você a conhecer a fragrância do perdão e consequentemente da gratidão. E aí poder esquecer que um dia você nasceu, ou seja, se desidentificar da ideia de que você é um corpo, um nome, uma história. Isso é renascer no espirito. Aí você vê a sua mãe em tudo, vê seu pai em todos. Na lua, no sol, nas estrelas. Aí você vai além da pequena família. Aí você se torna realmente livre.
Esse é o princípio do processo de iluminação da consciência. É quando você vai além dos limites do pequeno ‘eu’. Quando você começa a perceber a infinitude da consciência. Aí você começa a se tornar um explorador da consciência. Mas não da para querer chegar neste estágio de ser comandante da Interprise e explorar o espaço infinito se você ainda está aí espetando seu companheiro e espetando você mesmo; se está amarrado ainda ao seu passado. Alguns tentam fazer isso, mas o que fazem é só criar obstáculo ainda maior para autorrealização, porque é só uma máscara de espiritualidade. Desenvolvem e dão poder para um ego espiritual. Porque você só está pronto para desvendar os mistérios da consciência quando está em harmonia com seu passado, e você está em harmonia quando pode sustentar seu coração aberto aqui com o outro.
É por isso que estou dizendo que espiritualidade pratica é você sustentar o coração aberto enquanto se relaciona com o outro, e este deve ser o foco do seu trabalho. Enquanto você faz o seva, o japa e o cultivo do silêncio, de vez em quando você tem vislumbres deste estado além do ego. Alguns podem até ter pílulas de samadhi - que é o estado de unidade perfeita -, mas, se ao voltar você continua reagindo, repetindo os mesmos padrões destrutivos, você agradece a experiência dosamadhi e continua a sua batalha de purificação e transformação. É assim que eu sinto que a gente evolui neste plano.
Subimos bem alto durante esta temporada. Muitas curas aconteceram. Muitos milagres. Muita coisa maravilhosa. Estou desse jeito que vocês estão vendo porque estou tentando recolher para poder fechar o trabalho, porque nós vamos embora e isso vai ficar aqui trabalhando como uma pousada e não podemos deixar essa energia aqui. Porque se não as pessoas enlouquecem. É um fato! Essa energia tem que ser direcionada. Enquanto nos não fizermos desse lugar um Ashram, que tem uma rotina diária sem parar, vamos ter que trabalhar em temporadas que tem início, meio e fim.
Abençoado seja cada um de vocês. Que possamos criar união.
Até o nosso próximo encontro.
NAMASTE
SRI PREM BABA
http://www.sriprembaba.org/pt-br/satsang/221014

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